Caros amigos,
Nesse exato momento, minha filha está presa em uma cadeia de segurança
máxima, e em algumas horas será julgada diante da corte do Paquistão por blasfêmia, cuja sentença vinculante é a pena de morte.
Somos uma família cristã pobre enfrentando a fúria de uma multidão com o
caso da minha filha. Muitas outras famílias já passaram pelo mesmo tipo
de intimidação, o que lhes levou a fugir ou viver com medo. Mas a atenção internacional sobre o caso de Rimsha motivou os líderes muçulmanos paquistaneses a se pronunciarem contra essa injustiça e chamaram a atenção do presidente Zardari.
Por favor ajude-me a manter a pressão global sobre o caso da minha filha. Eu peço que assinem
minha petição para o presidente Zardari salvar Rimsha e exigir proteção
para nós e para outras famílias de minoria vulnerável. A Avaaz compartilhará essa campanha com a mídia local e internacional, lida com atenção pelos políticos locais paquistaneses:
http://www.avaaz.org/po/pakistan_save_my_daughter/?bYkSKab&v=17473
Uma multidão enfurecida exigiu a prisão da minha filha após um imã local
(líder religioso) começar a incitar as pessoas contra ela, dizendo que
ela havia profanado o Alcorão. Então, algumas pessoas ameaçaram acabar
com a vida dela e queimar as casas dos cristãos em nossa comunidade. Eu
rezo para que durante o seu julgamento, no sábado, as acusações contra
ela sejam retiradas e que ela possa voltar a viver conosco.
Nossa família está correndo grave perigo, pois mesmo falar sobre as leis
de blasfêmia no Paquistão coloca vidas em risco -- no ano passado, o Ministro paquistanês de Assuntos de Minorias foi morto por ter solicitado a remoção da pena de morte na lei de blasfêmia. É uma situação tão sensível que muitos dos nossos vizinhos cristãos das favelas de Islamabad começaram a fugir de casa.
Nós respeitamos os direitos religiosos das outras pessoas. Esperamos que
nossa filha e nossa comunidade fique em segurança, e queríamos que isso
nunca tivesse acontecido. Para nossa felicidade, o Ulema Council, um
grupo de cléricos e acadêmicos muçulmanos aqui no Paquistão, se
pronunciou sobre o caso dizendo: "Não queremos ver uma injustiça acontecer com ninguém. Vamos trabalhar para acabar com esse clima de medo."
Com sua ajuda, nós podemos não apenas libertar Rimsha, mas fazer deste
incidente o início de uma maior compreensão entre comunidades no
Paquistão. Eu peço que assine essa petição e compartilhe com seus
amigos.
http://www.avaaz.org/po/pakistan_save_my_daughter/?bYkSKab&v=17473
Com esperança e determinação,
Misrek Masih e a equipe da Avaaz
PS: Essa petição foi criada usando o site Petições da Comunidade da
Avaaz, que permite que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo,
inicie um petição sobre assuntos que lhe são importantes. Comece sua
própria petição clicando aqui: http://www.avaaz.org/po/petition/start_a_petition/?bv17473
MAIS INFORMAÇÕES:
Criança detida por blasfémia no Paquistão (Público)
http://www.publico.pt/Mundo/crianca-detida-por-blasfemia-no-paquistao-1559711
Anistia: Paquistão deve proteger menina detida por blasfêmia (Exame)
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/anistia-paquistao-deve-proteger-menina-detida-por-blasfemia
Presidente do Paquistão pede relatório sobre jovem cristã acusada de blasfêmia (IG)
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2012-08-20/presidente-do-paquistao-pede-relatorio-sobre-jovem-crista-acusada-de-blasfemia.html
Imã acusa menina paquistanesa por queimar versos do Alcorão (Terra)
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6100730-EI8143,00-Ima+acusa+menina+paquistanesa+por+queimar+versos+do+Alcorao.html
Garota cristã acusada de blasfêmia no Paquistão pode ser analfabeta (G1)
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/08/menina-crista-acusada-de-blasfemia-no-paquistao-pode-ser-analfabeta.html
Médicos confirmam incapacidade mental de menina cristã (Veja)
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/medicos-confirmam-incapacidade-mental-de-menina-acusada-de-blasfemia
A Avaaz é uma rede de campanhas globais de 15 milhões de pessoas
que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade
civil global influenciem questões políticas internacionais. ("Avaaz"
significa "voz" e "canção" em várias línguas). Membros da Avaaz vivem em
todos os países do planeta e a nossa equipe está espalhada em 19 países
de 6 continentes, operando em 14 línguas. Saiba mais sobre as nossas
campanhas aqui, nos siga no Facebook ou Twitter.
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sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Queimadas trazem transtornos à população na zona Sul de Teresina
28/08/2012 12:30
De acordo com o educador ambiental Reginaldo Muniz, esse é um problema comum nas áreas mais distantes do centro. Isto porque, em virtude da grande quantidade de matagais, se torna local propício para as queimadas.
E as consequências não são apenas para a flora e fauna, mas sobretudo para a saúde de quem precisa enfrentar o problema diariamente.
Todos
os anos nessa mesma época as queimadas chamam bastante atenção e uma
série de consequências. Devido ao vento forte e à baixa umidade, a
fumaça das queimadas e as cinzas se proliferam trazendo vários
transtornos à população. Na zona sul, o problema parece ser ainda maior,
já que lá é um dos lugares onde há mais focos de queimadas em virtude
dos terrenos baldios.
A
equipe de reportagem do Jornal Meio Norte flagrou ontem (27), no bairro
Santo Antônio, uma dessas queimadas. A fumaça do local já podia ser
avistada ao longe e estava bem próximo a muitos pontos comerciais e até
residências.
Mas
não é difícil presenciar cenas como essas. Em vários bairros da região,
como no Lourival Parente, em terrenos baldios o chão escuro evidencia
que ali passou recentemente por uma dessas queimadas. E as consequências
quem sente são os moradores.
Para
Mariana Alves, moradora do Lourival Parente, isso tem gerado muitos
incômodos. “Está muito ruim. Na hora que a gente termina de limpar a
casa, já está sujo do mesmo jeito por causa das cinzas. A fumaça também
incomoda muito. Tenho um filho com problema de asma e eu fico muito
preocupada porque incomoda bastante”, afirma.
De acordo com o educador ambiental Reginaldo Muniz, esse é um problema comum nas áreas mais distantes do centro. Isto porque, em virtude da grande quantidade de matagais, se torna local propício para as queimadas.
O
problema é que, em virtude da situação climática, as queimadas se
agravam. “Está tendo muitas queimadas e muitas delas são criminosas.
Nesse período de B-R-O-BRÓ é agravado, pois qualquer coisa já pode
provocar um incêndio, por conta dos ventos fortes”, explica.
E as consequências não são apenas para a flora e fauna, mas sobretudo para a saúde de quem precisa enfrentar o problema diariamente.
Fotos: divulgação
Fonte: Meio Norte
Fonte: Meio Norte
terça-feira, 28 de agosto de 2012
CPT participa do Encontro do GAETE em Teresina.
Começou nesta quinta (23), o encontro do Grupo de
Articulação Interestadual de Enfrentamento do Trabalho Escravo (GAETE),
promovido pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região -
Piauí em parceria com a Associação dos Magistrados da 22ª Região. O objetivo do
evento é conscientizar a sociedade para a importância de atitudes que busquem
combater o trabalho escravo.
O coordenador do evento, o juiz Titular da Vara do Trabalho de Bom Jesus, Carlos Wagner, chamou atenção para a importância da troca de experiências entre os atores socais de enfrentamento do trabalho
O coordenador do evento, o juiz Titular da Vara do Trabalho de Bom Jesus, Carlos Wagner, chamou atenção para a importância da troca de experiências entre os atores socais de enfrentamento do trabalho
Trabalhadores do Assentamento Nova Conquista- Monsenhor Gil-PI |
escravo para avaliar as ações
positivas de combate a essa dura realidade nos principais estados exportadores
de mão-de-obra escrava, como é o caso do Piauí.
De acordo com o juiz Carlos Wagner, na Vara do Trabalho de Bom Jesus os fundos arrecadados estão sendo utilizado para realização de ações que visam mudar essa realidade. Ele exemplificou informando sobre a aplicação direta de fundos arrecadados em multas trabalhistas na compra de
De acordo com o juiz Carlos Wagner, na Vara do Trabalho de Bom Jesus os fundos arrecadados estão sendo utilizado para realização de ações que visam mudar essa realidade. Ele exemplificou informando sobre a aplicação direta de fundos arrecadados em multas trabalhistas na compra de
Joana Lucia- Coordenadora da Comissão Pastoral da Terra -Piauí |
120 livros para a UESPI e na
construção de 2 poços tubulares em comunidades da zona rural de Bom Jesus.
Atuando de um lado, na educação como principal elemento de conscientização, e
do outro, permitindo condições mínimas para que o homem do campo não fique
fragilizado e se sujeite a esse tipo de atividade.
As duas ações simplórias servem muito mais como exemplos de que é possível atuar nas mais diferentes áreas para combater esse mal que denigre o trabalhador rural. No combate ao trabalho escravo, toda ajuda é bem vinda.
A Consultora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Mariana Castilho, falou sobre o segundo Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Também presente no evento, Thiago Casteli, que faz parte do programa educativo "Escravo Nem Pensar", da ONG Repórter Brasil de SP, explicou que é fundamental desenvolver atividades que promovam essa discussão sobre o trabalho escravo para conscientizar a sociedade para importância do combate dessa realidade.
Começou nesta quinta (23), o encontro do Grupo de Articulação Interestadual de Enfrentamento do Trabalho Escravo (GAETE), promovido pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região - Piauí em parceria com a Associação dos Magistrados da 22ª Região. O objetivo do evento é conscientizar a sociedade para a importância de atitudes que busquem combater o trabalho escravo.
O coordenador do evento, o juiz Titular da Vara do Trabalho de Bom Jesus, Carlos Wagner, chamou atenção para a importância da troca de experiências entre os atores socais de enfrentamento do trabalho escravo para avaliar as ações positivas de combate a essa dura realidade nos principais estados exportadores de mão-de-obra escrava, como é o caso do Piauí.
De acordo com o juiz Carlos Wagner, na Vara do Trabalho de Bom Jesus os fundos arrecadados estão sendo utilizado para realização de ações que visam mudar essa realidade. Ele exemplificou informando sobre a aplicação direta de fundos arrecadados em multas trabalhistas na compra de 120 livros para a UESPI e na construção de 2 poços tubulares em comunidades da zona rural de Bom Jesus. Atuando de um lado, na educação como principal elemento de conscientização, e do outro, permitindo condições mínimas para que o homem do campo não fique fragilizado e se sujeite a esse tipo de atividade.
As duas ações simplórias servem muito mais como exemplos de que é possível atuar nas mais diferentes áreas para combater esse mal que denigre o trabalhador rural. No combate ao trabalho escravo, toda ajuda é bem vinda.
A Consultora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Mariana Castilho, falou sobre o segundo Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Também presente no evento, Thiago Casteli, que faz parte do programa educativo "Escravo Nem Pensar", da ONG Repórter Brasil de SP, explicou que é fundamental desenvolver atividades que promovam essa discussão sobre o trabalho escravo para conscientizar a sociedade para importância do combate dessa realidade.
O GAETE envolve entidades dos estados do Piauí, Maranhão, Pará, onde a questão é mais sensível, formados por entidades governamentais como a Justiça do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Secretarias de Direitos Humanos, além de entidades não-governamentais, como Comissão Pastoral da Terra, Repórter Brasil, dentre outras.
O evento prossegue nesta sexta-feira (24) no auditório do Fórum Trabalhista, Juiz Jesus Fernandes de Oliveira, na Avenida Miguel Rosa.
As duas ações simplórias servem muito mais como exemplos de que é possível atuar nas mais diferentes áreas para combater esse mal que denigre o trabalhador rural. No combate ao trabalho escravo, toda ajuda é bem vinda.
A Consultora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Mariana Castilho, falou sobre o segundo Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Também presente no evento, Thiago Casteli, que faz parte do programa educativo "Escravo Nem Pensar", da ONG Repórter Brasil de SP, explicou que é fundamental desenvolver atividades que promovam essa discussão sobre o trabalho escravo para conscientizar a sociedade para importância do combate dessa realidade.
Começou nesta quinta (23), o encontro do Grupo de Articulação Interestadual de Enfrentamento do Trabalho Escravo (GAETE), promovido pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região - Piauí em parceria com a Associação dos Magistrados da 22ª Região. O objetivo do evento é conscientizar a sociedade para a importância de atitudes que busquem combater o trabalho escravo.
O coordenador do evento, o juiz Titular da Vara do Trabalho de Bom Jesus, Carlos Wagner, chamou atenção para a importância da troca de experiências entre os atores socais de enfrentamento do trabalho escravo para avaliar as ações positivas de combate a essa dura realidade nos principais estados exportadores de mão-de-obra escrava, como é o caso do Piauí.
De acordo com o juiz Carlos Wagner, na Vara do Trabalho de Bom Jesus os fundos arrecadados estão sendo utilizado para realização de ações que visam mudar essa realidade. Ele exemplificou informando sobre a aplicação direta de fundos arrecadados em multas trabalhistas na compra de 120 livros para a UESPI e na construção de 2 poços tubulares em comunidades da zona rural de Bom Jesus. Atuando de um lado, na educação como principal elemento de conscientização, e do outro, permitindo condições mínimas para que o homem do campo não fique fragilizado e se sujeite a esse tipo de atividade.
As duas ações simplórias servem muito mais como exemplos de que é possível atuar nas mais diferentes áreas para combater esse mal que denigre o trabalhador rural. No combate ao trabalho escravo, toda ajuda é bem vinda.
A Consultora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Mariana Castilho, falou sobre o segundo Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Também presente no evento, Thiago Casteli, que faz parte do programa educativo "Escravo Nem Pensar", da ONG Repórter Brasil de SP, explicou que é fundamental desenvolver atividades que promovam essa discussão sobre o trabalho escravo para conscientizar a sociedade para importância do combate dessa realidade.
O GAETE envolve entidades dos estados do Piauí, Maranhão, Pará, onde a questão é mais sensível, formados por entidades governamentais como a Justiça do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Secretarias de Direitos Humanos, além de entidades não-governamentais, como Comissão Pastoral da Terra, Repórter Brasil, dentre outras.
O evento prossegue nesta sexta-feira (24) no auditório do Fórum Trabalhista, Juiz Jesus Fernandes de Oliveira, na Avenida Miguel Rosa.
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Volta a Goiás
Padre lembra 25 anos de atentado
Crime ocorreu em 1987, no município de Mossamêdes. Religioso defendia a
reforma agrária
Malu
Longo 23
de agosto de 2012 (quinta-feira)
Aos
78 anos de idade e há 5 de volta à sua cidade natal, Carpi, na Itália, o padre
Francesco Cavazzuti desembarcou em Goiânia na semana passada para participar
das celebrações que lembram os 25 anos do atentado que o deixou cego dos dois
olhos. O crime, ocorrido na noite do dia 27 de agosto de 1987, no município de
Mossâmedes, a 150 quilômetros de Goiânia, na Região do Mato Grosso Goiano,
entrou para a história goiana como um dos marcos da luta pela reforma agrária.
Muito lúcido e com as marcas da violência no rosto, o padre Chico como ficou
conhecido nas paróquias por onde passou, é um brincalhão, mas ainda se emociona
ao falar da experiência que viveu.
Hoje,
em Goiânia, ele se faz uma celebração íntima na casa de uma das pessoas que o
acompanharam em sua trajetória na Comissão Pastoral da Terra (CPT). No sábado,
padre Cavazzuti estará na cidade de Goiás onde, às 20 horas, haverá uma
celebração no Centro Diocesano. E, na segunda-feira, quando se completam exatos
25 anos do atentado contra sua vida, ele vai celebrar uma missa na igreja
paroquial de Mossâmedes.
Após
o atentado, padre Cavazzuti se recuperou em São Paulo (SP) e na Itália e voltou
para Mossâmedes, onde continuou como pároco até 2002. Depois, foi para
Itapirapuã, de onde saiu há cinco anos para retornar à Itália.
Ontem,
na sede da Comissão de Justiça e Paz dos Dominicanos, em Goiânia, padre Chico recebeu
a equipe do POPULAR. Ao seu lado estavam a irmã, a também religiosa Tereza
Cavazzuti, que veio com ele da Itália, e os companheiros de uma longa jornada
na atuação nos direitos humanos, Sebastião Donizete de Carvalho, Flávio Alves
Barbosa e Vilma Ribeiro de Almeida, fiéis escudeiros que ainda sonham em tê-lo
de volta.
1.194730
“A luta pela justiça nunca é em vão”
23 de agosto de 2012
(quinta-feira)
Wildes
Barbosa
O padre Francesco Cavazzuti relembra,
em entrevista exclusiva ao POPULAR, o encontro com seu algoz, e diz que
atentado foi contra a diocese. “Eles, os proprietários de terra, ficaram com
raiva de mim e falaram: ‘Tem de tirar esse falador daí senão estraga
tudo’.”
Que avaliação o senhor faz desse
processo todo 25 anos depois?
Examinando as coisas não apenas do
ponto de vista social, mas do ponto de vista da fé Deus entrou de cheio nessa
história. Ele não permitiu que se realizasse o plano dos homens que era matar.
Deus salvou minha vida. Foi como se dissesse: “Eu sou dono da vida, não vocês”.
E fez mais nesse ato de amor: acrescentou 25 anos para continuar a trabalhar na
missão que ele me confiou quando fui ordenado padre, pastor da Igreja Católica.
Então, chegou a visitar o Marcelino
Antônio, o homem que atirou no senhor? Foi um encontro difícil?
Foi em Mossâmedes, antes da
transferência para a cadeia em Goiânia. Terminei de celebrar a missa e saindo,
estava de mãos dadas com um jovem e eu disse que gostaria de visitar o
Marcelino na cadeia. Já no corredor, diante da cela, eu o cumprimentei, ele
respondeu e depois me disse: “Sinto muito ter cegado o senhor. Eu devia matar.
Me pagaram para isso”. Aí segurei a mão dele e disse que ele tinha me feito um
mal muito grande que levaria para a vida toda, mas o perdoava. E disse que de
mim ele não poderia ter medo, porque não arrumaria ninguém para fazer vingança
e até chamei para tomar um café juntos, mas lembrei que a lei civil, a lei do
país, ele teria de enfrentar. Segundo o jovem que estava comigo, ele voltou
para a cama, abaixou a cabeça e disse: “Padre, não venha mais aqui”.
Foi muito difícil a perda física
sofrida pelo senhor?
Sim, a perda das vistas foi um problema
muito sério, mas depois de um certo tempo passei a reconhecer os lugares onde
morei, as ruas e as casas. Em Mossâmedes quase sempre andava sozinho. Ao longo
do caminho encontrava crianças que me acompanhavam.
Na época, o Marcelino alegou que tinha
atirado porque o senhor se negou a batizar os filhos dele. Como o senhor
analisa essa versão.
O atentado foi pela vida pastoral da
diocese. Eu acredito que por força das orações da igreja, na justiça do
Evangelho e obrigação da igreja de realizar na medida do possível de realizar
essa justiça para mostrar que o reino de Deus chegou. E foi essa pregação da
justiça que irritou essas pessoas. Eles, os proprietários de terra, ficaram com
raiva de mim e falaram: “Tem de tirar esse falador daí senão estraga tudo”. Por
isso inventaram três processos contra mim - um em Jussara, outro de Goiás e
outro em nível federal - e a acusação era sempre a mesma: eu era comunista,
subversivo e revolucionário. Meu advogado disse ao acusador que se eu era
comunista, tinha que mostrar a carteirinha do Partido Comunista. Era uma
acusação sem provas.
Nesses 25 anos o senhor acompanha esses
fatos? O que aconteceu com a pessoa que atirou no senhor?
Sim. O pistoleiro, condenado a 12 anos,
ficou quatro anos na cadeia e foi solto por bom comportamento. Ele foi para
Rondônia e me contaram que comprou uma grande fazenda com o dinheiro que
recebeu para me matar. Pagaram muito bem. Não temos provas, mas falamos para a
polícia que tinha sido os mandantes, eles foram ouvidos, mas nunca incomodados.
Nesses 25 anos a Igreja Católica mudou
muito. A Renovação Carismática Cristã avançou assumindo o lugar das Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs). Como o senhor analisa isso?
Eu tenho conhecimento de que certos
setores da Igreja Católica no Brasil foram calados, pediram para ficarem mais
quietos. Se conseguiram calar algumas hierarquias, os leigos não. Muitos que
aprenderam conosco, nas CEBs, a justiça pelos mais pobres, eles continuam
fazendo. Há uma lista de jovens em Goiânia, Mossâmedes, Sanclerlândia e Goiás
que continuam nessa caminhada, graças a Deus. Continuam fazendo a justiça pelos
mais pobres. A semente não morreu, continua brotando. É preciso que a justiça
se torne o ideal desse mundo, o fermento da política, dos sindicatos, do
trabalho para o bem do povo. Não tem justiça, não tem evangelho. Nós temos o
comando do Cristo, filho de Deus, não de um Karl Marx qualquer. Eu sou
revolucionário, sim, não em nome de Karl Marx, de Lênin, de Stálin, de Mao Tsé
Tung. Não me interessa esses homens, mas Cristo sim.
A Renovação Carismática hoje tem um
papel muito forte dentro da Igreja Católica.
Eu não gosto muito desses movimentos
porque me parecem espirituais demais porque o homem não é feito só de espírito,
mas também de matéria. E temos que tomar conta dos dois na mesma hora. Nós
também damos valor à oração, ao espiritual, aos sacramentos, mas não paramos
aí. Sabemos que tem gente que precisa comer para viver. Primeiro tem que matar
a fome. As pessoas têm necessidades físicas e espirituais. Acho o trabalho da
Renovação Carismática limitado. Nós não ficamos só no material, mas demos
importância a ele porque era necessário para o espiritual continuar. Nosso povo
é religioso e as pessoas precisam rezar, mas não é só, também precisa comer.
Deus sabe que as pessoas precisam da oração, mas não podem esquecer do corpo.
Como está sua vida em Carpi?
Aos domingos e sábados ajudo os
vigários em paróquias maiores, onde tem apenas um padre. Vou celebrar, fazer
pregações, fazer palestras e confessar. Graças a Deus ainda tem muita gente que
vai pedir perdão a Deus pelos seus pecados porque reconhece que tem falhas e
precisa se livrar deles.
O senhor acha que a luta pela terra
avançou no Brasil?
Sim. Eu mesmo tive a satisfação, antes
de sair de Itapirapuã, de ver assentadas cem famílias que viviam em barracas na
periferia. As famílias estão lá unidas e algumas já construíram suas casas,
estão tirando o seu sustento da terra.
O atentado não foi em vão?
Não. A luta pela justiça nunca é em vão
(choro).
1.194732
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