quarta-feira, 27 de novembro de 2013

CPT Regional realiza Assembléia de Lavradores e Lavradoas

" Lavradores e operários, todo povo lutador, trazendo nas mãos os frutos e a marca de um povo lutador"

Com alegria acontece nos dias 29 e 30 de Novembro no Centro Guadalupe, em Teresina a Assebléia de Regional de Lavradores/as da CPT.
A assembleia será momento de reencontro e reflexão sobre a temática da Pastoralidade, a mesma será assessorada pelo Pe. Flávio da coordenação nacional da CPT.
Assembleia de Lavradores e lavradoras- Bom Jesus

Encontro das CPT´s do Cerrado

Reunidos em Luziânia entre os dias 22 e 24 de novembro, os cerca de 130 representantes de povos e comunidades tradicionais do Cerrado, assim como agentes da CPT atuantes nos estados em que se encontra o bioma, aprovaram uma Moção de Repúdio contra a exploração do gás Xisto. A técnica utilizada para obter o gás, a chamada fratura hidráulica, foi banida em diversos países do mundo pois pode contaminar com materias tóxicos as águas subterrâneas. Confira a Moção:

Nós, povos (indígenas, retireiros/as, assentados/as, quilombolas, fechos de pasto, ribeirinhos/as) do cerrado da Bahia, de Minas Gerais, de Rondônia, de Goiás, do Maranhão, do Piauí, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e São Paulo, agentes da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, religiosos/as, professores/as universitários/as, da Rede Cerrado, do Movimento dos Atingidos por Barragens, da Rede Grita Cerrado, da Agência 10envolvimento e profissionais da área técnica, reunidos em Luziânia (GO), entre 22 e 24 de novembro de 2013, no encontro intitulado “No veio das águas brota a vida, dos troncos retorcidos surge a esperança”, onde nos encontramos para discutir a intensa degradação ambiental do bioma Cerrado e as nossas resistências e meios de preservação, vimos por meio dessa Moção manifestar a nossa indignação e perplexidade ante a mais uma forma de degradação ambiental em curso.


O bioma Cerrado, tão intensamente devastado pelo agronegócio, através do desmatamento da vegetação nativa, do uso de agrotóxicos, da contaminação do solo e dos corpos hídricos, nesse momento é alvo de mais uma investida que trará impactos socioambientais de proporções gigantescas. Trata-se da exploração de gás de xisto, que tem como método a chamada fratura hidráulica. A fratura hidráulica, em resumo, consiste em injetar enormes quantidades de água e componentes químicos altamente poluentes no subsolo para a extração do gás, com a finalidade de fraturar as rochas em que ele se encontra. Esses poluentes químicos migram para as águas subterrâneas, e, conforme já se posicionaram inúmeros cientistas, a exemplo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciência, não há estudos sobre o controle e mitigação de impactos socioambientais gerados pela fratura hidráulica e sobre a despoluição das águas contaminadas pelos metais pesados, o que torna essa contaminação irreversível.


A exploração de gás de xisto por meio da fratura hidráulica tem sido banida em diversos países do mundo, como França e Uruguai. No entanto, o governo brasileiro, sem comunicar a população dessa catástrofe ambiental, irá realizar nos dias 28 e 29 de novembro de 2013, a 12ª Rodada dos Leilões da Agência Nacional de Petróleo. Serão leiloados duzentos e quarenta blocos territoriais no Acre, Amazonas, Piauí, Maranhão, Goiás, Tocantins, Sergipe, Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Nessas regiões em que estão blocos e que serão objeto de fratura hidráulica, sabemos que se encontram os principais aquíferos, Bambui, Urucuia, Guarani, que alimentam os rios brasileiros e suas bacias. O que dá ao impacto ambiental gerado pela fratura hidráulica um caráter nacional e até continental.


Em defesa do cerrado, dos aquíferos brasileiros, sobretudo o Urucuia, dos nossos territórios tradicionais, e dos nossos modos de vida, nos posicionamos contra a realização da 12ª Rodada de Leilões da ANP, contra o uso da fratura hidráulica e exploração de gás de xisto, contra mais essa forma nefasta de devastação de bioma que estamos tentando manter em pé.

Reunidos em Luziânia entre os dias 22 e 24 de novembro, os cerca de 130 representantes de povos e comunidades tradicionais do Cerrado, assim como agentes da CPT atuantes nos estados em que se encontra o bioma, aprovaram uma Moção de Repúdio contra a exploração do gás Xisto. A técnica utilizada para obter o gás, a chamada fratura hidráulica, foi banida em diversos países do mundo pois pode contaminar com materias tóxicos as águas subterrâneas. Confira a Moção:
 
Nós, povos (indígenas, retireiros/as, assentados/as, quilombolas, fechos de pasto, ribeirinhos/as) do cerrado da Bahia, de Minas Gerais, de Rondônia, de Goiás, do Maranhão, do Piauí, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e São Paulo, agentes da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, religiosos/as, professores/as universitários/as, da Rede Cerrado, do Movimento dos Atingidos por Barragens, da Rede Grita Cerrado, da Agência 10envolvimento e profissionais da área técnica, reunidos em Luziânia (GO), entre 22 e 24 de novembro de 2013, no encontro intitulado “No veio das águas brota a vida, dos troncos retorcidos surge a esperança”, onde nos encontramos para discutir a intensa degradação ambiental do bioma Cerrado e as nossas resistências e meios de preservação, vimos por meio dessa Moção manifestar a nossa indignação e perplexidade ante a mais uma forma de degradação ambiental em curso.
 
O bioma Cerrado, tão intensamente devastado pelo agronegócio, através do desmatamento da vegetação nativa, do uso de agrotóxicos, da contaminação do solo e dos corpos hídricos, nesse momento é alvo de mais uma investida que trará impactos socioambientais de proporções gigantescas. Trata-se da exploração de gás de xisto, que tem como método a chamada fratura hidráulica. A fratura hidráulica, em resumo, consiste em injetar enormes quantidades de água e componentes químicos altamente poluentes no subsolo para a extração do gás, com a finalidade de fraturar as rochas em que ele se encontra. Esses poluentes químicos migram para as águas subterrâneas, e, conforme já se posicionaram inúmeros cientistas, a exemplo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciência, não há estudos sobre o controle e mitigação de impactos socioambientais gerados pela fratura hidráulica e sobre a despoluição das águas contaminadas pelos metais pesados, o que torna essa contaminação irreversível.
 
A exploração de gás de xisto por meio da fratura hidráulica tem sido banida em diversos países do mundo, como França e Uruguai. No entanto, o governo brasileiro, sem comunicar a população dessa catástrofe ambiental, irá realizar nos dias 28 e 29 de novembro de 2013, a 12ª Rodada dos Leilões da Agência Nacional de Petróleo. Serão leiloados duzentos e quarenta blocos territoriais no Acre, Amazonas, Piauí, Maranhão, Goiás, Tocantins, Sergipe, Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Nessas regiões em que estão blocos e que serão objeto de fratura hidráulica, sabemos que se encontram os principais aquíferos, Bambui, Urucuia, Guarani, que alimentam os rios brasileiros e suas bacias. O que dá ao impacto ambiental gerado pela fratura hidráulica um caráter nacional e até continental.
 
Em defesa do cerrado, dos aquíferos brasileiros, sobretudo o Urucuia, dos nossos territórios tradicionais, e dos nossos modos de vida, nos posicionamos contra a realização da 12ª Rodada de Leilões da ANP, contra o uso da fratura hidráulica e exploração de gás de xisto, contra mais essa forma nefasta de devastação de bioma que estamos tentando manter em pé.  
 
Participantes do Encontro de Povos e Comunidades do Cerrado
- See more at: http://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes-2/noticias-2/14-acoes-dos-movimentos/1834-mocao-de-repudio-a-exploracao-de-gas-de-xisto-e-ao-uso-da-fratura-hidraulica-e-em-defesa-do-cerrado#sthash.9HphmcaL.dpufReunidos em Luziânia entre os dias 22 e 24 de novembro, os cerca de 130 representantes de povos e comunidades tradicionais do Cerrado, assim como agentes da CPT atuantes nos estados em que se encontra o bioma, aprovaram uma Moção de Repúdio contra a exploração do gás Xisto. A técnica utilizada para obter o gás, a chamada fratura hidráulica, foi banida em diversos países do mundo pois pode contaminar com materias tóxicos as águas subterrâneas. Confira a Moção:



Nós, povos (indígenas, retireiros/as, assentados/as, quilombolas, fechos de pasto, ribeirinhos/as) do cerrado da Bahia, de Minas Gerais, de Rondônia, de Goiás, do Maranhão, do Piauí, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e São Paulo, agentes da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, religiosos/as, professores/as universitários/as, da Rede Cerrado, do Movimento dos Atingidos por Barragens, da Rede Grita Cerrado, da Agência 10envolvimento e profissionais da área técnica, reunidos em Luziânia (GO), entre 22 e 24 de novembro de 2013, no encontro intitulado “No veio das águas brota a vida, dos troncos retorcidos surge a esperança”, onde nos encontramos para discutir a intensa degradação ambiental do bioma Cerrado e as nossas resistências e meios de preservação, vimos por meio dessa Moção manifestar a nossa indignação e perplexidade ante a mais uma forma de degradação ambiental em curso.



O bioma Cerrado, tão intensamente devastado pelo agronegócio, através do desmatamento da vegetação nativa, do uso de agrotóxicos, da contaminação do solo e dos corpos hídricos, nesse momento é alvo de mais uma investida que trará impactos socioambientais de proporções gigantescas. Trata-se da exploração de gás de xisto, que tem como método a chamada fratura hidráulica. A fratura hidráulica, em resumo, consiste em injetar enormes quantidades de água e componentes químicos altamente poluentes no subsolo para a extração do gás, com a finalidade de fraturar as rochas em que ele se encontra. Esses poluentes químicos migram para as águas subterrâneas, e, conforme já se posicionaram inúmeros cientistas, a exemplo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciência, não há estudos sobre o controle e mitigação de impactos socioambientais gerados pela fratura hidráulica e sobre a despoluição das águas contaminadas pelos metais pesados, o que torna essa contaminação irreversível.



A exploração de gás de xisto por meio da fratura hidráulica tem sido banida em diversos países do mundo, como França e Uruguai. No entanto, o governo brasileiro, sem comunicar a população dessa catástrofe ambiental, irá realizar nos dias 28 e 29 de novembro de 2013, a 12ª Rodada dos Leilões da Agência Nacional de Petróleo. Serão leiloados duzentos e quarenta blocos territoriais no Acre, Amazonas, Piauí, Maranhão, Goiás, Tocantins, Sergipe, Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Nessas regiões em que estão blocos e que serão objeto de fratura hidráulica, sabemos que se encontram os principais aquíferos, Bambui, Urucuia, Guarani, que alimentam os rios brasileiros e suas bacias. O que dá ao impacto ambiental gerado pela fratura hidráulica um caráter nacional e até continental.



Em defesa do cerrado, dos aquíferos brasileiros, sobretudo o Urucuia, dos nossos territórios tradicionais, e dos nossos modos de vida, nos posicionamos contra a realização da 12ª Rodada de Leilões da ANP, contra o uso da fratura hidráulica e exploração de gás de xisto, contra mais essa forma nefasta de devastação de bioma que estamos tentando manter em pé.
Reunidos em Luziânia entre os dias 22 e 24 de novembro, os cerca de 130 representantes de povos e comunidades tradicionais do Cerrado, assim como agentes da CPT atuantes nos estados em que se encontra o bioma, aprovaram uma Moção de Repúdio contra a exploração do gás Xisto. A técnica utilizada para obter o gás, a chamada fratura hidráulica, foi banida em diversos países do mundo pois pode contaminar com materias tóxicos as águas subterrâneas. Confira a Moção:
 
Nós, povos (indígenas, retireiros/as, assentados/as, quilombolas, fechos de pasto, ribeirinhos/as) do cerrado da Bahia, de Minas Gerais, de Rondônia, de Goiás, do Maranhão, do Piauí, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e São Paulo, agentes da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, religiosos/as, professores/as universitários/as, da Rede Cerrado, do Movimento dos Atingidos por Barragens, da Rede Grita Cerrado, da Agência 10envolvimento e profissionais da área técnica, reunidos em Luziânia (GO), entre 22 e 24 de novembro de 2013, no encontro intitulado “No veio das águas brota a vida, dos troncos retorcidos surge a esperança”, onde nos encontramos para discutir a intensa degradação ambiental do bioma Cerrado e as nossas resistências e meios de preservação, vimos por meio dessa Moção manifestar a nossa indignação e perplexidade ante a mais uma forma de degradação ambiental em curso.
 
O bioma Cerrado, tão intensamente devastado pelo agronegócio, através do desmatamento da vegetação nativa, do uso de agrotóxicos, da contaminação do solo e dos corpos hídricos, nesse momento é alvo de mais uma investida que trará impactos socioambientais de proporções gigantescas. Trata-se da exploração de gás de xisto, que tem como método a chamada fratura hidráulica. A fratura hidráulica, em resumo, consiste em injetar enormes quantidades de água e componentes químicos altamente poluentes no subsolo para a extração do gás, com a finalidade de fraturar as rochas em que ele se encontra. Esses poluentes químicos migram para as águas subterrâneas, e, conforme já se posicionaram inúmeros cientistas, a exemplo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciência, não há estudos sobre o controle e mitigação de impactos socioambientais gerados pela fratura hidráulica e sobre a despoluição das águas contaminadas pelos metais pesados, o que torna essa contaminação irreversível.
 
A exploração de gás de xisto por meio da fratura hidráulica tem sido banida em diversos países do mundo, como França e Uruguai. No entanto, o governo brasileiro, sem comunicar a população dessa catástrofe ambiental, irá realizar nos dias 28 e 29 de novembro de 2013, a 12ª Rodada dos Leilões da Agência Nacional de Petróleo. Serão leiloados duzentos e quarenta blocos territoriais no Acre, Amazonas, Piauí, Maranhão, Goiás, Tocantins, Sergipe, Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Nessas regiões em que estão blocos e que serão objeto de fratura hidráulica, sabemos que se encontram os principais aquíferos, Bambui, Urucuia, Guarani, que alimentam os rios brasileiros e suas bacias. O que dá ao impacto ambiental gerado pela fratura hidráulica um caráter nacional e até continental.
 
Em defesa do cerrado, dos aquíferos brasileiros, sobretudo o Urucuia, dos nossos territórios tradicionais, e dos nossos modos de vida, nos posicionamos contra a realização da 12ª Rodada de Leilões da ANP, contra o uso da fratura hidráulica e exploração de gás de xisto, contra mais essa forma nefasta de devastação de bioma que estamos tentando manter em pé.  
 
Participantes do Encontro de Povos e Comunidades do Cerrado
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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Assembléia Diocesana da Comissão Pastoral da Terra reune Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.



Os trabalhadores e trabalhadoras de áreas acompanhadas pela CPT-PI, se reúnem dias 25 e 26 de Outubro na Diocese de Picos, para momento de formação, avaliação e planejamento das ações a serem desenvolvidas posteriormente ao encontro.


Na mistica de abertura os participantes foram  convidados a recordar a vida através de uma imagem espalha pelo espaço, seguida de cantos animados. Em seguida os participantes foram divididos em grupos para estudo e reflexões dos temas: A Seca de sempre  e suas novas faces & Os dilemas do Novo Código da Mineração. 

 Momento de Mística
Apresentação dos trabalhadores/as

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Conceito de trabalho escravo pode sofrer grave retrocesso


Deputado Moreira Mendes (PSDB-RO) apresenta Projeto de Lei que descaracteriza conceito atual de escravidão contemporânea e tenta influenciar regulamentação da PEC do Trabalho Escravo
Por Xavier Plassat*
Desde o ano passado, quando os Deputados enfim aprovaram a PEC 438/2001 (conhecida como PEC do confisco da terra), está no ar uma negociação esdrúxula promovida entre oposição e base governista no intento de garantir um voto favorável por parte dos ruralistas, um grupo que perpassa as fronteiras partidárias.

Pedreira onde garoto de 15 anos foi resgatado da escravidão. Situações como esta podem deixar de ser entendidas como escravidão, se conceito atual for alterado. Foto: Divulgação/MTE 
Para que o texto tenha aprovação final no Senado onde passou a tramitar sob o codinome de PEC 57A/1999, foi se construindo o entendimento de que, em troca da PEC do confisco da propriedade pela prática de trabalho escravo, haveria revisão da conceituação dada pelo Código Penal brasileiro (no seu art. 149). Essa conceituação, por sinal, é moderna (foi aprovada em 2003) e abrangente (considera como constitutivos do crime tanto a negação da liberdade quanto a violação da dignidade) e está sendo parabenizada até hoje pela OIT e pela ONU (na avaliação, por exemplo, da advogada Gulnara Shahinian, Relatora Especial sobre Escravidão Contemporânea).
Houve variações quanto ao teor exato do entendimento formulado no calor da discussão: se seria somente para aprovar a regulamentação do confisco da propriedade (versão mínima) ou se seria mesmo para rever a definição legal do trabalho escravo (versão extrema).
Retrocessos
Deputado Moreira Mendes (PSDB/RO) propôs projeto de lei que descaracteriza trabalho escravo. Foto: Alexandra Martins/Câmara dos Deputados
Deputado Moreira Mendes apresentou
proposta que descaracteriza o que é
escravidão contemporânea.
Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara
Na terça-feira, 3 de novembro, a Comissão da Agricultura iria se posicionar sobre o Projeto de Lei 3842/2012, de autoria do deputado Moreira Mendes (PSDB-RO), revisando para baixo a definição do trabalho escravo (segundo a proposta, a expressão "condição de trabalho escravo, trabalho forçado ou obrigatório" compreenderá todo trabalho ou serviço de uma pessoa sob ameaça, coação ou violência, restringindo sua locomoção e para o qual não tenha se oferecido espontaneamente). Na sequencia o texto iria para a Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos (CTASP ) e em seguida para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Em troca do adiamento desta discussão problemática, foi aprovada a criação de uma Comissão Mista (11 deputados e 11 senadores) para, no prazo de 30 dias, “apresentar projeto de lei definindo trabalho escravo ou trabalho análogo a escravo e regulamentando da terra na qual for verificada tal prática” (conforme Ato Conjunto 8/2013), igualmente problemática.
A falta de manifestação clara do Governo nessa tramitação toda abriu brechas para o impasse atual. Como dizíamos um ano atrás, caso prosperar a negociata atual, a votação da PEC do confisco da terra bem poderá se tornar uma vitória de Pirro (segundo a história, o Rei Pirro, depois de vencer uma batalha contra o Império Romano em que perdeu quase todo o seu exército, declarou aos generais: "Mais uma vitória como esta, e estou perdido").
Resta ver como concretamente a Comissão Mista dará conta do seu paradoxal mandato: definir um conceito de trabalho escravo que ficaria preso à forma como este se dava nos tempos da Colônia e do Império (a do negro acorrentado), e regulamentar o perdimento da terra por prática do trabalho escravo contemporâneo do século 21, ou seja por uma escravidão bem real, diariamente flagrada no Brasil nas modalidades do trabalho forçado, da servidão por dívida, da jornada exaustiva e das condições degradantes de trabalho. Uma situação da qual cerca de quarenta e cinco mil trabalhadores já foram resgatados desde 1995 quando, após décadas de um negacionismo oficial bem parecido ao demonstrado pelos ruralistas de hoje, o estado brasileiro se dignificou em reconhecer e começar a enfrentar as formas contemporâneas deste crime recorrente na história do Brasil. 
* Xavier Plassat é coordenador da Campanha Nacional contra trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra 

Trabalhadores/as Rurais Marcham pela Reforma Agrária

Cerca de dois mil trabalhadores rurais de diversos municípios do Piauí estão protestando em favor da reforma agrária e mais políticas de combate à seca. Eles caminharam pelas avenidas Barão e Marechal Castelo Branco empunhando cruzes, faixas e cartazes em direção à Assembleia Legislativa onde pretendem entregar um documento com suas reivindicações à presidência da Casa.
Em seguida os manifestantes devem se dirigir à prefeitura de Teresina e ao Palácio de Karnak.
A coordenadora da Pastoral do Migrante, Darcila Antoniolli, afirma que os trabalhadores também estão pedindo mais dignidade, água de qualidade e o fim da corrupção. “Além da reforma agrária, estamos reivindicando medidas de segurança e combate à violência juvenil, mais transporte e moradia. Vamos entregar esse documento e pedir que algo seja feito com urgência, principalmente em relação à água”, declara.
Entre as entidades que participam da manifestação estão o Fórum das Pastorais Sociais, o Fórum do Semiárido, CPT, MST e Fetag. Parte dos trabalhadores ocupou a sede do Incra na quinta-feira (5), onde passaram a noite. Eles devem seguir pela avenida Frei Serafim.
Flash de Yala Sena
Redação Carlos Lustosa Filho
redacao@cidadeverde.com
http://g1.globo.com/economia/agronegocios/vida-rural/noticia/2013/09/no-pi-agricultores-assentados-ocupam-sede-do-incra-em-teresina.html

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Escravo Nem Pensar tem nova publicação

Há trabalho escravo no Brasil? Muitas pessoas ainda questionam a existência dessa prática. Mas os números nos mostram a realidade: desde 1995, quando o governo brasileiro admitiu a existência do trabalho escravo contemporâneo no país, até 2011, mais de 43 mil pessoas foram resgatadas dessa situação. Casos de jornadas exaustivas, ameaças físicas e psicológicas, servidão por dívida e outras condições degradantes de trabalho têm sido flagrados nos meios rural e urbano em todas as regiões brasileiras.
A informação e a conscientização a respeito do problema são fundamentais para prevenir as pessoas de se tornarem vítimas do aliciamento e da escravidão e para apontar alternativas às situações de exploração. Diante disso, o Escravo, nem pensar!, programa da ONG Repórter Brasil, busca incidir nessas realidades por meio de ações de educação.
A publicação Escravo, nem pensar! – Uma abordagem sobre trabalho escravo em sala de aula e na comunidade é um dos materiais elaborados pelo Escravo, nem pensar! e dedicados a educadores e lideranças sociais. Nele, você vai encontrar informações sobre trabalho escravo, tráfico de pessoas e assuntos correlatos que remetem ao contexto, às causas e às consequências desses fenômenos. Esse livro também traz o relato de experiências de prevenção a essas violações de direitos humanos, além de propor metodologias para se trabalhar com esses temas nas escolas e nas comunidades.

Reunião da Campanha de Olho Aberto

Entre os dias 06 e 08 de agosto de 2013 estiveram reunidos em Araguaína (TO) na Casa Dona Olinda, os 20 membros da Coordenação ampliada da Campanha CPT de combate ao Trabalho Escravo, “De Olho aberto para Não Virar Escravo”. A campanha é encampada pela CPT desde 1997 e desempenha seu papel de luta contra o trabalho escravo com a participação de 20 equipes da CPT espalhadas em oito estados.

(Por Liliana Won Ancken, CPT-RO)
Realizado a cada três meses, o encontro da Coordenação da Campanha, com todos os educadores e agentes envolvidos – inclusive do CDVDH e da RB[1] – constitui sempre um momento de análise da caminhada em cada regional, e um pensar os novos passos, com espaços de formação e reflexões sobre a problemática.

Contamos, também, com a presença da professora da UFRJ, Dra Adônia Antunes Prado, que compõe o grupo de pesquisa GPTEC[2], e do acadêmico do curso de Comunicação Social da UFMA, Antônio Paiva, ambos com pesquisas voltadas às ações da Campanha. A presença desses pesquisadores ajuda a fortalecer o nosso trabalho, envolvendo nele a Universidade, possibilitando maior visibilidade e acrescentando um caráter científico às demandas, dados e resultados produzidos.

Rogenir, representando a CRS (Catholic Relief Services), entidade apoiadora da Campanha, também esteve no encontro, trazendo para o grupo informações sobre os programas da entidade, e sobre o sistema de gestão de qualidade dos projetos em fase de implantação.

No decorrer do encontro, houve troca de experiência, identificando as ações inovadoras realizadas pelos educadores, e análise do andamento do plano da campanha e dos resultados alcançados. Foram abordados os problemas que ainda travam a erradicação do trabalho escravo no Brasil, gerando inclusive várias frustrações entre os agentes diante, por exemplo, do atendimento tardio às nossas denúncias pela fiscalização, enquanto vem sendo priorizados eventos e grandes obras, em desfavor da vida e do trabalho digno.

A Campanha da Fraternidade do ano de 2014 irá tratar da temática do Tráfico Humano, um termo que engloba o trabalho escravo e o tráfico de pessoas (este, às vezes, equivocadamente reduzido à questão da exploração da prostituição): essas realidades não podem ser vistas de forma dissociada, pois são a tradução moderna da escravidão, ou mercantilização completa da pessoa. Os agentes da Campanha se preparam realizando formação, elaborando oficinas e materiais para contribuir com dioceses, paróquias e comunidades de base no aprimoramento dos conhecimentos, para favorecer o debate e a tomada de iniciativas práticas de prevenção e combate à escravidão moderna presente em nosso meio. Na oportunidade, as equipes da Campanha se colocam à disposição das demais equipes para contribuir no que for necessário.

Conhecedores da dimensão dos problemas apresentados, mas alimentados pela certeza de que outro mundo é possível, livre de tráfico, de trabalho escravo, nós educadores e educadoras populares assumimos a missão de apoiar as lutas e ações de resistência e denúncia das pessoas e comunidades em situação ou risco de tráfico, sempre atentos à sua autonomia e protagonismo.

Partimos agora de volta para as comunidades, as escolas, as igrejas, os acampamentos, os assentamentos e onde mais houver apelo. Queremos mostrar que o enfrentamento e a erradicação de males como estes são possíveis, dependendo de uma ação conjunta, consciente e qualificada de toda a sociedade, bem como da mudança das estruturas de injustiça há tanto impostas pelo sistema. A luta contra a escravidão moderna no campo e a luta por uma reforma agrária ampla e verdadeira têm tudo a ver. Este é nosso compromisso.



[1] CDVDH-CB: Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán (Açailândia, MA); RB: Repórter Brasil, ambos membros da Campanha.
[2] Grupo de pesquisa sobre o trabalho escravo contemporâneo (UFRJ)
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Conselho Episcopal Pastoral da CNBB debate documentos

O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, dom Guilherme Werlang, apresentou, ontem, 20, ao Conselho Episcopal Pastoral, o Documento 105 da CNBB, intitulado “A Igreja e as comunidades quilombolas”. Segundo dom Guilherme, “o texto é fruto de um trabalho bastante longo dentro da comissão formada por uma equipe de bispos, padres, leigos, representantes da Pastoral Afro, para elaborá-lo”.
O Documento 105 divide-se em três partes, de acordo com o método ‘Ver, Julgar e Agir’.  Fala sobre a história da chegada dos negros ao Brasil, das formas de organização enquanto quilombos, da resistência, do direito à identidade, das ações, entre outros assuntos. Para o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, é preciso pensar como levar o texto às bases, mas também como obter delas contribuições que possam somar à reflexão sobre o tema.
Outra questão importante presente no texto refere-se ao território. “É parte necessária para que o quilombo possa manter a forma, cultura, religiosidade, a vida deles”, ressaltou dom Guilherme.
Saneamento é saúde
Ainda ontem, o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, apresentou ao Conselho Episcopal Pastoral a campanha “Saneamento é saúde”, que trata dos impactos da falta de saneamento básico na saúde da população. O objetivo, conforme Carlos, é “disseminar a informação de que o saneamento é um direito dos brasileiros”.
De acordo com dados apresentados por Carlos, 52% da população brasileira ainda não possuem coleta de esgoto e, o maior problema, é que 75%  das pessoas não fazem cobranças. A proposta do Trata Brasil é, portanto, melhorar a condição de vida, reduzir a mortalidade infantil e inserir a sociedade na discussão sobre o saneamento básico. “A maior fonte de contaminação no Brasil é o esgoto. Quem sente isso é a população nas formas das mais diferentes doenças”, afirmou.
 Código da Mineração
Os bispos e assessores do Consep debateram ainda sobre o novo Código da Mineração que tramita no Congresso Nacional, com prazo máximo para votação em outubro deste ano.  “O Código da Mineração vem sendo discutido pelo governo há muito tempo. O que a gente sente é que a sociedade brasileira não foi envolvida na discussão”, explicou dom Leonardo Ulrich Steiner, a respeito do conhecimento da sociedade sobre a elaboração deste novo código.
Uma das conquistas do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração, que reúne mais de 100 movimentos sociais e entidades, entre elas a CNBB, por meio da  Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), foi a retirada do caráter de urgência da votação do Código da Mineração.
Para dom Leonardo, a forma como o texto do Código está contemplado não é suficiente. Segundo o bispo, as entidades precisam trabalhar propostas muito concretas, pois é necessário “dizer quais são as implicações que o código tem”, como a destinação dos lucros e a questão do meio ambiente.

Trabalhadores debatem melhorias no Canavial

" Dos cortadores de cana! Eu escutei o clamor".


Os trabalhadores assalariados da cana do município de União-PI, se reuniram no dia 14.08, para debaterem algumas propostas em relação as melhorias de trabalho, dentre elas o piso salarial, o transporte, o uso dos  EPI´s, etc. O encontro aconteceu no Sindicato de Trabalhadores/as Rurais de União, onde a CPT esteve presente. Na oportunidade os trabalhadores puderam expressar suas demandas, a fim que suas reivindicações pudessem ser atendidas na mesa de negociação marcada para dia 20.08, na sede da Federação dos Trabalhadores/as da Agricultura do Piauí- FETAG.

Cortador de Cana.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Papa Francisco faz um dos discursos de cunho social mais importantes de seu pontificado

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Que bom poder estar com vocês aqui! Desde o início, quando planejava a minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer "bom dia", pedir um copo de água fresca, beber um "cafezinho", não um copo de cachaça, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós... Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês que hoje representa todos os bairros do Brasil. Como é bom ser bem acolhido, com amor, generosidade, alegria! Basta ver como vocês decoraram as ruas da Comunidade; isso é também um sinal do carinho que nasce do coração de vocês, do coração dos brasileiros, que está em festa! Muito obrigado a cada um de vocês pela linda acolhida! Agradeço a Dom Orani Tempesta e ao casal Rangler e Joana pelas suas belas palavras.
Desde o primeiro instante em que toquei as terras brasileiras e também aqui junto de vocês, me sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. Isso é assim porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela - um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo - não ficamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode "colocar mais água no feijão"! Se pode colocar mais água no feijão? Sempre? E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração!
E povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade, que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda. Quase parece um palavrão: solidariedade. Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, não é, mas sim a cultura da solidariedade, a cultura da solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão, e todos nós somos irmãos.
Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de "pacificação" será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Não deixemos entrar no nosso coração a cultura do descartável, porque nós somos irmãos, ninguém é descartável. Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! Pensemos na multiplicação dos pães de Jesus. A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!
Queria dizer-lhes também que a Igreja, «advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu» (Documento de Aparecida, 395), deseja oferecer a sua colaboração em todas as iniciativas que signifiquem um autêntico desenvolvimento do homem todo e de todo o homem. Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Fome de dignidade. Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano.
Queria dizer uma última coisa, uma última coisa. Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam da corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio «para que todos tenham vida, e vida em abundância» (Jo 10,10).
Hoje a todos vocês, especialmente aos moradores dessa Comunidade de Varginha, quero dizer: Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o papa está com vocês. Levo a cada um no meu coração e faço minhas as intenções que vocês carregam no seu íntimo: os agradecimentos pelas alegrias, os pedidos de ajuda nas dificuldades, o desejo de consolação nos momentos de tristeza e sofrimento. Tudo isso confio à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com grande carinho lhes concedo a minha bênção. Obrigado!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Audiência Pública debate sobre a retirada da Palha de Carnaúba


Durante audiência realizada na tarde desta terça-feira (04), na Assembleia Legislativa trabalhadores rurais da cera de carnaúba, parlamentares e órgãos públicos discutiram a condição degradante de trabalho na hora de colher a  palha da carnaúba. A audiência teve o intuito de debater a organização e a regulamentação da profissão que atualmente conta é desenvolvida  em condições inadequadas. “Tentaremos a todo custo trazer civilidade para as relações econômicas dessa atividade”, afirma José Wellington Soares, Procurador-Geral do Trabalho.
Cerca de 140 municípios tem atividades que envolvem a cera da carnaúba no Piauí, que mesmo sendo a segunda maior atividade do estado, o trabalho é exercido de forma precária. “Os trabalhadores não tem alojamento, não tem alimentação adequada, além disso, não possuem regulamentação, o que deixa o trabalhador em más condições de trabalho”, ressalta José Wellington.
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As representações  da disseram que a falta de fiscalização é um dos principais fatores que torna a atividade da cera de carnaúba precária.
Participaram da audiência, que teve o tema “Palha de carnaúba: Pó de ouro para poucos, cinzas para muitos”, representantes da FETAG-PI, Deputado Estadual Magalhães, representantes do Ministério Público do Trabalho, FAEPI, UFPI, UESPI, Federação das Indústrias, Superintendência Regional do Trabalho, CONTAG, Setre, Sesapi, SDR, Governo do Estado, Vigilância Sanitária, OAB, Centrais Sindicais, representantes da Procuradoria Regional do Trabalho, e trabalhadores rurais que trabalham com a Palha de Carnaúba.

Parabéns ao Meio Ambiente

O dia 5 de junho foi a data escolhida para celebrar anualmente o Dia Mundial do Meio Ambiente. O Dia Mundial do Meio Ambiente começou a ser comemorado em 1972  com o objetivo de promover atividades de proteção e preservação do meio ambiente e alertar o público mundial e governos de cada país para os perigos de negligenciarmos a tarefa de cuidar do meio ambiente.
Foi em Estocolmo, no dia 5 de junho de 1972, que teve início a primeira das Conferências das Nações Unidas sobre o ambiente humano (durou até dia 16) e por esse motivo foi a data escolhida como Dia Mundial do Meio Ambiente. 
Todos os anos, as Nações Unidas dão um tema diferente ao Dia Mundial do Meio Ambiente. Os temas para o Dia Mundial do Meio Ambiente são uma maneira de dar idéias para atividades de conscientização das populações e de proteção do meio ambiente.
O tema para o Dia Mundial do Meio Ambiente 2013 é: "Pense - Coma - Poupe".

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Quese 3 mil trabalhadores regatados do Trabalho escravo em 2012


Números divulgados nesta segunda-feira (13) pela Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), órgão do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), indicam que no Brasil 2.750 trabalhadores foram encontrados em condições análogas às de escravo no ano de 2012. As constatações decorreram de 255 ações de fiscalização, ao todo, realizadas pelo MTE. O total representa aumento de 14,3% na quantidade de casos de escravidão contemporânea no ano de 2011, quando houve o flagrante de 2.491 vítimas. O ano passado também superou a marca de 2010, que contabilizou 2.628 pessoas.

Homem trabalhava em condições degradantes, na produção de carvão vegetal (Fotos: MTE)

Para autoridades engajadas no combate à escravidão, a quantidade de resgatados em 2012 coincide com certa regularidade nos resultados das ações de fiscalização nos últimos cinco anos, mas pode indicar também uma mudança nas características dos casos. “Hoje, a gente não pode entender a quantidade de vítimas sem se debruçar mais sobre os números. Pode estar acontecendo uma redução significativa ou pode também estar acontecendo uma mudança no perfil com uma ‘sofisticação’ dos casos de trabalho escravo”, ressalta José Guerra, coordenador da Comissão Nacional de Combate ao Trabalho Escravo (Conatrae) e integrante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).
Segundo o membro da Conatrae, a partir de 2007 (veja os números desde 2007 no gráfico abaixo), ano em que 5.999 pessoas foram libertadas, houve uma redução significativa na quantidade de vítimas resgatadas mesmo com o aprimoramento das estruturas de combate e prevenção ao trabalho escravo. “Temos de saber o que isso significa, se é uma redução absoluta no período ou se pode indicar a necessidade de mudanças nas formas de fiscalização”, ressalta.
“O importante é observar o número de pessoas resgatadas em relação à quantidade de fiscalizações”, considera o coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Luís Machado. “É possível perceber uma mudança principalmente no meio rural, onde o foco das situações de trabalho escravo não mais está associado à restrição de liberdade, mas aparece nas condições degradantes ou na jornada exaustiva de serviço”, explica. O representante da OIT atribui essa alteração no cenário aos quase 18 anos de combate à escravidão. As ações de inspeção sobre a escravidão contemporânea no país começaram em 1995.
Libertação recorde
A Detrae também dá destaque, no levantamento sobre o ano de 2012, à libertação de 150 trabalhadores de condições análogas às de escravo durante uma fiscalização na região de Marabá, no Pará. Essa foi a ação fiscal em que mais pessoas foram resgatadas no ano passado. O Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo encontrou não apenas pessoas submetidas à escravidão na produção de carvão vegetal, como também crimes ambientais e emissão de notas fiscais falsas. Na ocasião, a equipe formada por auditores fiscais do MTE, procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), relatou até ameaças de morte.

Riacho de onde grupo de libertados retirava água para beber, em Goianésia, no Pará

Os 150 resgatados estavam em condições degradantes, trabalhando em 185 fornos irregulares em duas carvoarias, em local isolado de difícil acesso em Goianésia do Pará, a cerca de 185km de Marabá. O caso levou a Siderúrgica do Pará (Sidepar), que, de acordo com a fiscalização, estaria interceptando a produção de carvão realizada com trabalho escravo junto das siderúrgicas Cosipar e Ibérica, a ser suspensa do Pacto Nacional Pela Erradicação do Trabalho Escravo – acordo que reúne algumas das principais empresas do país.
*Matéria atualizada às 17h55 do dia 27 de maio para alterar informações. O MTE havia informado originalmente a quantia de 2.849 pessoas flagradas na escravidão contemporânea em 2012; na verdade, foram 2.750.

Ações de combate e prevenção ao tráfico de pessoas e ao trabalho escravo são reunidas em publicação

O caderno “Experiências Comunitárias de Combate à Escravidão” divulga 15 ações de defesa dos direitos fundamentais apoiadas pelo programa



O programa Escravo, nem pensar!, com o apoio da Catholic Relief Service (CRS), Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e TAM Linhas Aéreas lançou no mês de maio o caderno “Experiências Comunitárias de Combate à Escravidão”. A publicação reúne 15 ações realizadas por professores, lideranças comunitárias e agentes pastorais de combate e prevenção ao tráfico de pessoas e ao trabalho escravo apoiadas pelo Fundo de Apoio a Projetos do Escravo, nem pensar!.

Além de destacar os projetos realizados 

em 2012, a publicação busca inspirar novas ações

Entre os meses de junho e novembro de 2012, os projetos promoveram diferentes atividades para sensibilizar, conscientizar e erradicar o trabalho escravo e o tráfico de pessoas. Houve produção de poemas, textos e paródias; apresentações de dança, capoeira, teatro e música; confecção de cartazes, panfletos e banners; rodas de conversa e exibição de filmes; produção de hortas comunitárias; pesquisas sobre a cultura quilombola e migração.
“A gente se sente fazendo algo a mais pelos outros. Imagina quantas pessoas a gente não está tirando desse ciclo do trabalho escravo? A gente sempre deixa claro que as pessoas têm o direito de migrar livremente, mas a questão é saber pra onde vão, com quem vão, como é o trabalho. É muito importante esse trabalho de informar. (...)Foi uma grande conquista para população que conseguiu ter acesso” relatou Francisco José dos Santos Oliveira, coordenador do projeto “A arte na prevenção ao trabalho escravo” realizado no Assentamento Nova Conquista no município de Monsenhor Gil (PI).
Cada iniciativa recebeu até R$ 1,2 mil e acompanhamento pedagógico mensal da equipe do programa para subsidiar as atividades. Um dos objetivos do Fundo de Apoio a Projetos do Escravo, nem pensar! é promover o protagonismo e engajamento de professores, lideranças comunitárias e agentes pastorais no combate e prevenção ao trabalho escravo. Desde 2007, 80 projetos já foram apoiados pela ONG Repórter Brasil. Clique aqui para ver projetos de edições passadas.

Homem esteve preso a condições degradantes durante quase uma década


Homem esteve preso a condições degradantes durante quase uma década. Flagrado com armas e acusado de ameaças, fazendeiro nega superexploração

Por Guilherme Zocchio | Categoria(s): Notícias

Durante quase 10 de seus 49 anos de vida, Joaquim Eduardo* permaneceu alojado nos fundos de uma propriedade rural, em Dourados, no Mato Grosso do Sul (MS). Isolado, ele não dispunha, por lá, de água potável ou qualquer outra forma de abastecimento. Para matar a sede, tomar banho ou realizar necessidades, nesse período, deveria caminhar até um açude próximo, desde que o poço caipira que cavara quando começou a trabalhar no local, no final de 2003, secou. Os mantimentos, a cada dez ou quinze dias, eram trazidos pelo empregador, dono de três fazendas no distrito de Itahum. Basicamente, arroz, macarrão, um pouco de carne e feijão compunham a dieta do trabalhador.
Janela na cozinha de alojamento que era usado como residência (Fotos: MPT)
Janela na cozinha de alojamento que, segundo inspeção, era usado como residência (Fotos: MPT)
Fiscais do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), junto de agentes da Polícia Federal (PF) e do Departamento de Operações de Fronteira (DOF-MS) verificaram a situação à qual viveu submetido o trabalhador, de novembro de 2003 até o último dia 23 de abril. Após uma denúncia anônima, ele foi resgatado. “Recebemos a denúncia no mesmo dia. Ficamos preocupados com o teor, e, logo à tarde, já estávamos na região para apurar o ocorrido”, explica o procurador do MPT Jeferson Pereira.
Em condições análogas às de um escravo, conforme constatou a fiscalização, Joaquim havia sido contratado para trabalhar como capataz de Paulo Afonso Lima Lange, pecuarista dono de 1.500 cabeças de gado, empresário criador de cavalos da raça crioulo e proprietário de um conjunto de três fazendas na região que carregam a alcunha de São Lourenço. Era o único empregado registrado no empreendimento, de acordo com os fiscais. A promessa original que recebera era a de condições dignas de serviço e um salário mínimo, capaz de ajudar no sustento da família, esposa e duas crianças que nasceram no decorrer desses quase dez anos de escravidão. Mesmo com carteira assinada e o recolhimento regular para o FGTS, sua remuneração, porém, mal passava de R$300,00 mensais.
“Apesar de ter sido contratado e estar registrado como capataz, ele fazia de tudo um pouco. Cuidava do gado, batia e preparava a ração dos animais”, descreve a auditora fiscal do MTE que participou da fiscalização, Patrícia Verdini. Segundo ela apurou, além de estar sujeito a um ambiente degradante e alojado em local que caracterizava isolamento geográfico, Joaquim cumpria jornadas que se estendiam por períodos superiores a 12 horas diárias e não recebia os devidos equipamentos para a sua proteção durante o serviço, os chamados EPIs.
“Eu cuidava das três fazendas. Fazia a cerca, mexia com o trator. Fazia de tudo. Era o único peão. Pegava de madrugada e ia até oito horas da noite. Direto, direto, direto. Sem feriado. E até de Sexta-feira Santa”, lembra o trabalhador sobre as circunstâncias de seu serviço, em entrevista à Repórter Brasil.
Recipiente armazena água que era retirada de um açude próximo

Pela jornada de serviço excessiva, que não lhe permitia o zelo necessário à família, e ausência de condições dignas de habitação e higiene, Joaquim perdeu, depois de três anos na fazenda, a guarda das duas filhas, que passaram, por sua vez, a morar com a avó em Dourados. A esposa, igualmente sujeita à situação degradante, desenvolveu problemas psicológicos e, pela relação turbulenta e problemática que os dois começaram a levar, também deixou o local. “Sete anos passei sem ver minha mulher e meus filhos. E chorava de desgosto. Ficava sem ninguém, sem ter os filhos, sem ter água, sem ter nada”, conta o trabalhador. Os únicos contatos que tinha, conforme explica, eram com seu empregador ou com um “rapazinho” que dizia vim lhe visitar com alguma regularidade. “Só tinha contato com o patrão. Nem com o vigia ele deixava conversar. De vez em quando, conversava com um ‘rapazinho’ que morava lá perto”.
“Ele era encarregado de serviços gerais e contratado como capataz, mas não tinha como exercer essa função”, justifica, por um lado, o fazendeiro. Paulo Afonso alega que Joaquim sofria de alcoolismo. Por outro lado, o pecuarista afirma, então, que tentou aproximar o trabalhador de sua família, como modo de ajudá-lo a superar o problema com a bebida. “A gente foi tentando melhorar a cabeça do indivíduo, porque ele era meu funcionário. Você vai levando, tenta levar o rapaz para um bom caminho, mas tem gente que não se ajuda”, diz.
Armas e ameaças
De acordo com os fiscais, no entanto, foi possível constatar várias situações em que houve algum tipo de ameaça do latifundiário sobre Joaquim. “Não eram raras as vezes em que o empregador dizia que para matar ele [o trabalhador] e um boi era a mesma coisa”, aponta a auditora do MTE Patrícia Verdini. Na ocasião do flagrante de trabalho escravo, os agentes da Polícia Federal ainda encontraram uma pistola calibre 357, uma espingarda calibre 32, seis tipos de munição diferente e o silenciador de um revólver, todos os materiais sob posse do pecuarista, que não dispunha de autorização judicial para tê-los.
Interior da casa onde Joaquim viveu
Interior da casa onde a fiscalização constatou que Joaquim viveu durante seus anos de escravidão

Paulo Afonso foi preso por porte ilegal de armas na oportunidade da inspeção trabalhista. Dois dias depois, conseguiu liberdade provisória, mediante o pagamento de fiança de oito salários mínimos. No momento em que conversou com a Repórter Brasil já estava em liberdade. As munições e os outros armamentos permanecem apreendidos pelo DOF-MS.
O fazendeiro costumava caminhar armado e dar tiros para o alto enquanto estava na área de suas propriedades, segundo verificou a fiscalização. Para o Procurador Jeferson Pereira, as ameaças e o fato de o empregador andar com armas à mão provocavam em Joaquim “um temor reverencial pelo proprietário”. “Ele se sentia coagido a continuar trabalhando para o produtor rural. O trabalhador ficava com medo de abandonar o serviço, porque havia coação moral pela presença ostensiva de armas na fazenda”, define. Essa situação pode caracterizar o quadro de “trabalho forçado”, uma das tipificações de trabalho escravo contemporâneo prevista no Artigo 149 do Código Penal.
“De vez em quando ele falava: você não pode sair de mim, não vai embora não”, relembra Joaquim das vezes em que perguntou a seu patrão a respeito de uma possível mudança de emprego. O resgatado também expõe que, sem importar hora, data ou local, sentia-se constantemente vigiado. “Ele sabia todos os meus passos. O telefone tocava dia e noite, atrás de mim. Nunca cheguei a procurar outro trabalho. Eu tinha medo de sair”, conta. Questionado por esta reportagem se nunca sentiu vontade ou se alguma vez tentou fugir da fazenda, ele responde: “cheguei”. “Mas tinha medo de ele [o pecuarista] fazer alguma coisa comigo lá no fundo da fazenda. Então pensei: quem sabe deus ajuda. E resolvi ficar”.
Por sua vez, o empregador alega que uma vez tentou despedir seu empregado e, nas suas palavras, reitera que Joaquim “implorou para não ir embora”. O pecuarista diz que mantinha uma relação amistosa com seu funcionário e que até seu filho tratava-o “como um amigo”.
Sem água, banheiro não apresentava condições de higiene
 Sem água, banheiro não apresentava condições de higiene

Rescisão com dinheiro da JBS
O fim do processo de resgate do trabalhador, pelo encerramento da rescisão contratual, aconteceu na última quarta-feira (15), com a entrega das verbas às quais tinha direito devido ao não recebimento de parcelas de seu salário, nesses quase 10 anos em que se manteve na fazenda de Paulo Afonso. Pelo valor da quantia e por problemas no Cadastro de Pessoa Física (CPF) de Joaquim, o procedimento rescisório não foi encerrado antes da última semana. Nesse período, os procuradores do MPT responsáveis pelo caso, bem como os auditores fiscais do MTE, acompanharam todo o desenrolar. Ao todo, foram lavrados sete autos de infração.
O resgatado recebeu R$25.360,97, pagos em juízo pelo grupo JBS devido à venda de 20 cabeças de gado bovino da criação do fazendeiro para a empresa. O dinheiro a priori pago a Paulo Afonso pela venda dos animais foi usado para custear as verbas rescisórias. Em posicionamento à reportagem, a companhia assume que havia comprado esse lote porque nunca constatou o histórico do uso de mão de obra análoga à de escravo na produção do pecuarista.
“Como o nome do fazendeiro não consta na ‘lista suja’ do trabalho escravo, a JBS de fato recebeu o lote de 20 bois fornecidos pelo produtor. Diante do ocorrido, a empresa pagou o valor em juízo e deixou a cargo dos órgãos responsáveis a maneira pela qual o dinheiro será encaminhado”, afirma em nota a empresa. A “lista suja” é o nome pelo qual é conhecida a relação de empresas e pessoas flagradas empregando escravos, mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos. A JBS é signatária do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, grupo que se compromete a não comprar de quem está no cadastro, mas foi suspensa em 2012.
Carne que viria do abate de animais pelo próprio trabalhador
Carne que viria do abate de animais pelo próprio trabalhador

Joaquim já conseguiu um novo emprego, sobre o qual ele próprio diz que “está muito feliz”. Trabalha agora regularmente, e a pouco mais de 800 metros da sua casa, onde voltou a viver com a esposa e as filhas, em Dourados, depois do período que passaram separados. A reportagem perguntou-lhe se, alguma vez, já havia ouvido falar em trabalho escravo. A resposta foi afirmativa. “Já tinha. Sempre que assistia à televisão toda noite, via o cara pesando. Eu falava que uma hora o povo vai denunciar esse patrão. Pensava: uma hora esse velho tá lascado, e é preso ainda!”.
Em entrevista, o pecuarista minimizou a situação a que o trabalhador estava submetido. Apesar disso, firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPT, no qual se compromete a observar exigências trabalhistas, não reduzir pessoas à escravidão e de bancar uma campanha publicitária para a prevenção do aliciamento de pessoas ao trabalho escravo. No caso de não cumprimento deverá pagar multa a partir de R$ 10 mil. “Eu me criei hasteando a bandeira e cantando o hino nacional. Na minha família não tem bandido, nem escravagista. Você tenta ajudar o indivíduo, torná-lo uma boa pessoa, mas não dá”, encerra.
*o nome foi trocado para preservar a identidade da vítima

"A carne de Cristo está na carne dos refugiados"





Na audiência concedida ao Dicastério para os Migrantes, o Papa denuncia vigorosamente o tráfico de seres humanos e convida cada um a dar a própria contribuição para as pessoas erradicadas à força. 

  Salvatore Cernuzio

ROMA, 24 de Maio de 2013 (Zenit.org) - "Uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas". Não existem outras palavras para descrever o fenômeno do “tráfico de pessoas”, segundo o Papa Francisco. O Pontífice não mede palavras à denúncia desta chaga que destrói a “carne de Cristo” e, na Audiência de hoje aos participantes da Plenária do Pontifício Conselho da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, afirma: “Exploradores e clientes em todos os níveis deveriam fazer um sério exame de consciência diante de si mesmos e diante de Deus”. Ao mesmo tempo, renova o forte apelo da Igreja “para que sejam sempre protegidas a dignidade e a centralidade de toda pessoa, no respeito dos direitos fundamentais”.

A reflexão cheia de indignação do Santo Padre parte da análise do Documento do Dicastério, que “chama a atenção sobre milhões de refugiados, emigrados e apátridas, tocando também a chaga do tráfico de seres humanos, que sempre cada vez mais envolvem crianças, nas piores formas de exploração e recrutados até mesmo nos conflitos armados”.

"Em um mundo onde se fala muito de direitos - diz o Papa - quantas vezes é realmente pisada à dignidade humana!" O dinheiro, no entanto, parece ser o único a ter direitos, porque ele está no controle do mundo de hoje. "Nós - observa com tristeza - vivemos em um mundo, em uma cultura onde impera o fetichismo do dinheiro".

Portanto, Francisco incentiva o Pontifício Conselho "a continuar no caminho do serviço aos irmãos mais pobres e marginalizados", recordando as palavras de Paulo VI no encerramento do Concílio Vaticano II (8 de dezembro de 1965): "Para a Igreja Católica ninguém é um estranho, ninguém é excluído, ninguém está longe".

"De fato somos uma só família humana” comenta o sucessor de Pedro, e “a atenção materna” da Igreja se manifesta “com especial ternura e proximidade com as pessoas forçadas a fugir do próprio país e vive entre desarraigamento e integração”. “A compaixão cristã – acrescenta – este ‘sofrer com’, se expressa antes de mais nada no compromisso de conhecer os eventos que levam a deixar à força a Pátria e, onde é necessário, no dar voz a quem não consegue fazer que se escute o grito de dor e de opressão”.

Neste sentido, o Departamento de Migrantes desenvolve "uma tarefa importante também no sensibilizar as Comunidades cristãs com os irmãos marcados pelas feridas que marcam a sua existência”. Feridas assim tão grandes que não podem ser nem sequer listadas. O Papa nomeia algumas delas: "Violência, abusos de poder, distância da família, eventos traumáticos, fuga da casa, incerteza sobre o futuro em campos de refugiados". Todos os elementos, diz ele, "que desumanizam e devem levar cada cristão e toda a comunidade a uma atenção concreta”.
No entanto, ainda no meio da podridão existe algo que brilha: é “a luz da esperança” que o Sucessor de Pedro convida “a captar nos olhos e no coração dos refugiados e das pessoas erradicas à força”. Esta esperança, “se expressa nas expectativas pelo futuro, na vontade de relações de amizade, no desejo de participar da sociedade que as acolhe, também por meio do aprendizado da língua, do acesso ao trabalho e a educação para as crianças”. Confessa Bergoglio: “Admiro a coragem de quem espera poder gradualmente retomar a vida normal na esperança de que a alegria e o amor voltem a alegrar a sua existência”.

Todos, portanto, "podemos e devemos alimentar essa esperança!" Especialmente aqueles que têm o poder de fazê-lo: governadores, legisladores, a Comunidade Internacional. O Papa exorta-os de fato a colocar em ato “iniciativas e novas abordagens” para tutelar a dignidade dos migrantes diante destas “formas modernas de perseguição, opressão e escravidão”.

"São pessoas humanas", insiste; seres humanos "que precisam de urgente ajuda, mas também e principalmente de compreensão e de bondade". A sua condição, portanto, "não pode deixar indiferentes". Um apelo, portanto, vai também a cada Pastor e Comunidade cristã, que – diz Bergoglio – devem ter especial cuidado do “caminho de fé dos cristãos refugiados e erradicados à força”, por meio de uma pastoral “que respeite as suas tradições e os acompanhe a uma harmoniosa integração nas realidades eclesiais em que vivem”.

O Papa conclui: "Queridos amigos, não se esqueçam da carne de Cristo que está na carne dos refugiados". Em virtude disso, torna-se urgente a responsabilidade do Dicastério de “orientar para novas formas de corresponsabilidade todos os Organismos comprometidos no campo das migrações forçadas”, a fim de “promover respostas concretas de proximidade e de acompanhamento das pessoas, tendo em conta as diversas situações locais”.