quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Encontro da campanha contra o trabalho escravo reúne agentes da CPT em Tocantins

O reencontro dos agentes da CPT – Comissão Pastoral da Terra atuantes na Campanha “De olho aberto para não virar escravo” ocorreu nos dias 13 a 16 de agosto, tendo como cenário a Chácara Dona Olinda, em Araguaína – TO. Foram momentos permeados de reflexões, debates, avaliações que trazem luz ao caminho que trilhamos na luta de combate ao trabalho escravo no Brasil.
 
Nossa cabeça pensa onde nossos pés pisam” (Pedro Casaldáliga)
 
No primeiro dia foram socializados os trabalhos realizados pelas equipes nos Regionais MT, PI, MA, PA, TO, RO, BA, GO. Acolhemos em nosso meio a presença de Ir. Maria representante do SPM/CPT, do Regional GO, que busca aproximar o diálogo conhecendo mais a fundo as estratégias da campanha e também fortalecer o combate ao trabalho em escravo em seu regional, que tem em seu contexto a realidade forte dos trabalhadores do corte da cana, atividade econômica que está entre os índices de maior incidência de trabalho escravo.
Demos as boas vindas aos novos agentes, Luis Claudio e Dagnon Odilon, que vêm somar com a atuação do regional MT, na Prelazia do Araguaia e Município de Barra do Garças.
Abordamos a batalha que é travada em torno do conceito do trabalho escravo, onde argumentações perversas ignoram a clareza da violência à liberdade e a dignidade da pessoa humana, bastando um destes direitos serem feridos para que o crime se caracterize. Colocamos como um desafio ampliar a idéia limitada de que escravo é somente a condição do trabalhador amarrado.
 Encontro campanha trabalho escravo
O Espírito da CPT foi abordado na oficina de espiritualidade e mística, navegando pelos pensadores do universo cientifico até chegar aos místicos, somando-se um patrimônio de humanidade que vive o mistério e busca a sua liberdade em comunhão com todos os povos, raças, línguas e religiões.
Tivemos a contribuição da companheira Rogenir, gerente de programas da CRS, que facilitou o entendimento sobre Economia Solidária e o que se pode esperar desse movimento no trabalho com os grupos de risco e trabalhadores libertados, provocando uma reflexão sobre estratégias e metodologias que podem vir a contribuir no combate ao trabalho escravo partindo da 
 organização de empreendimentos econômicos solidários.
Na noite cultural confraternizamos, dançamos cirandas, brincamos e contamos histórias à luz de uma bela fogueira, celebrando o tema “100 anos de Luiz Gonzaga”. Saboreamos pratos típicos, ao som da boa música nordestina, momentos que fortaleceram nossos elos de companheirismo.
Na manhã seguinte navegamos pela linha do tempo da Campanha, costurando os retalhos e revivendo os momentos de grandes articulações e mobilizações sociais. Tais elementos vão compor o material que está sendo produzido por nossa campanha, intitulado ‘O Brasil do Trabalho Escravo’.
Abordamos a Campanha da Fraternidade de 2014, quando os regionais da CPT se mobilizarão em apoio ao tema aprovado pela CNBB, “Fraternidade e Tráfico Humano”, e discutiremos a triste realidade do tráfico de pessoas e do trabalho escravo, desafiando-nos a dar visibilidade a estas mazelas como forma de prevenção, denúncia, enfrentamento e superação, o que fortalecerá ainda mais nossa campanha.
Encerramos com a celebração de envio na oca do povo desenhando nossos pés no chão e reafirmando nosso compromisso com a caminhada, motivando-nos uns aos outros com desejos de esperança, força, união.
 
 
Araguaína, Casa Dona Olinda, 16 de Agosto de 2012.
Comissão Pastoral da Terra – Campanha de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo