domingo, 20 de setembro de 2009

Mais de 30 famílias tomam posse de área em conflito de Terra

Com o objetivo de por fim a mais um conflito pela posse de terra no Piauí, a Comissão Pastoral da Terra Regional Piauí (CPT-PI), Incra, Obra Kolping e Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da cidade de Porto, oficializaram no último sábado (19), a criação do Assentamento Salina-Estiva. O conflito já durava quatro anos.

O local possui mais de mil hectares, dois grandes açudes e tem hoje 33 famílias cadastradas para morar no local. Com um espaço de mais de mil hectares. No mês de fevereiro, o local foi desapropriado para a reforma agrária e segundo os trabalhadores o ex-proprietário impede o acesso ao local com a colocação de cercas, além de manter no espaço uma criação de búfalos. Também consta no histórico do conflito a agressão a dois trabalhadores, ameaças e um misterioso incêndio a sede da associação da comunidade.

Para Gregório Borges, integrante da coordenação da CPT-PI, com a oficialização do Assentamento Salina-Estiva, o momento era de festa e alegria: “Essa luta começou em 2005 e de lá para cá fizemos vários movimentos. Sem luta e sem pressão, não há vitória”, conta.

Para ele, mais importante do que a criação do Assentamento, os trabalhadores devem atentar para a organização da comunidade: “É preciso lembrar que é necessário ter organização no Assentamento. Se tomarem conhecimento da importância do assentamento, isso vai ser um exemplo. É preciso conhecer os direitos e deveres para que o Assentamento funcione. A CPT vai continuar acompanhando”, disse.

O superintendente do Incra, Evandro Cardoso, declarou que, com a criação do assentamento, a posse da terra já é dos moradores, além da área ser considerada uma área federal:

“Essa área é um assentamento federal do Governo Federal, por isso não precisam pedir para entrar na área por que foi determinada a posse. E se alguém colocar dificuldades quem vem aqui são os órgãos repressores do Estado, no caso, a Polícia Federal”, disse.

Maria do Desterro, presidente da Associação dos Moradores do Assentamento Salina-Estiva disse que o momento era de alegria para os trabalhadores que há muito esperavam a posse da terra: “É uma felicidade saber que agente pode entrar, tomar banho no açude, pescar, ter a nossa casa para guardar nossas roupas e documentos sem medo de ter nossos pertences queimados, como acontece nessas casas de palha onde hoje agente mora”.


A presidente aproveitou a oportunidade e solicitou a inclusão de mais quatro famílias no Assentamento que, segundo ela, estão na luta pela posse da terra desde o início do conflito.

Os investimentos no Assentamento Salina-Estiva gira em torno de meio milhão de reais. O próximo passo será a determinação do espaço urbano do assentamento onde serão construídas as casas, direitos e deveres dos assentados e orientação sobre a liberação de créditos para a construção de moradia e incentivo a produção dos trabalhadores.

Participaram do evento pela CPT-PI: Joana Lúcia, Gregório Borges, Padre Ladislau, e Roselei Bertoldo.

ASCOM