quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Saúde das trabalhadoras rurais será tema de encontro da CPT em Miguel Alves

A dificuldade da mulher trabalhadora rural em ter acesso às políticas públicas de saúde tanto na prevenção como na questão do atendimento de qualidade vão estar em pauta no III Encontro das Mulheres Quebradeiras de Coco da cidade de Miguel Alves-PI. O encontro é uma promoção da Comissão Pastoral da Terra Regional Piauí (CPT-PI) em parceria com a Associação das Quebradeiras de Coco da cidade.

O evento tem como tema “Mulher, gênero e saúde: conhecimento compartilhado”acontece na sexta-feira (9) e sábado (10) na comunidade Ezequiel, zona rural de Miguel Alves. Mais de 80 quebradeiras de coco devem participar do encontro que também será uma oportunidade de fortalecer a participação e controle social das políticas de saúde para as mulheres.

Roselei Bertoldo, coordenadora do encontro, explica que a questão da saúde é um problema crônico para as mulheres, sobretudo para as trabalhadoras rurais que moram distantes das zonas urbanas e que, quando buscam atendimento médico, encontram uma demora no atendimento. Diante disso, o encontro deve abordar a saúde na perspectiva de gênero:

“As mulheres do campo tem mais dificuldade de acesso a questão da saúde pública, pela demora no atendimento, pela falta de vagas e ainda as distâncias. Vamos trabalhar a importância das trabalhadoras terem conhecimento do cuidado com o corpo, métodos contraceptivos, prevenção e a reivindicação de políticas públicas de qualidade para as mulheres” explica.

A coordenadora acrescenta ainda que todo o encontro também será um oportunidade para a troca de experiências entre as trabalhadoras: “Vamos compartilhar saberes a partir do que elas sabem, dos conhecimentos tradicionais, dos chás e ervas, do conhecimento da própria natureza”.

A CPT-PI acompanha a Associação das Mulheres Quebradeiras de Coco de Miguel Alves desde o processo de organização. As ações junto as comunidades Ezequiel, Retrato e Todos os Santos visam a organização de grupos, formação e geração de renda através da produção de sabão e tapetes artesanais.

Informações Adicionais

Encontro “Mulher, gênero e saúde: conhecimento compartilhado”
Local: Comunidade Ezequiel, Miguel Alves-PI
Organização: Roselei Bertoldo / Joana Lúcia
Nossos contatos:
CPT-PI: 3222-4555


Sobre a ocupação em SP: Cutrale usa terras griladas em São Paulo

6 de outubro de 2009

Cerca de 250 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) permanecem acampadas desde a semana passada (28/09), na fazenda Capim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi, região central do Estado de São Paulo. A área possui mais de 2,7 mil hectares, utilizadas ilegalmente pela Sucocítrico Cutrale para a monocultura de laranja - o que demonstra o aumento da concentração de terras no país, como apontou recentemente o censo agropecuário do IBGE.

A área da fazenda Capim faz parte do chamado Núcleo Monções, um complexo de 30 mil hectares divididos em várias fazendas e de posse legal da União. É nessa região que está localizada a fazenda da Cutrale, e onde estão localizadas cerca de 10 mil hectares de terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas, além de 15 mil hectares de terras improdutivas.

A ocupação tem como objetivo denunciar que a empresa está sediada em terras do governo federal, ou seja, são terras da União utilizadas de forma irregular pela produtora de sucos. Além disso, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já teria se manifestado em relação ao conhecimento de que as terras são realmente da União, de acordo com representantes dos Sem Terra em Iaras.

Como forma de legitimar a grilagem, a Cutrale realizou irregularmente o plantio de laranja em terras da União. A produtividade da área não pode esconder que a Cutrale grilou terras públicas, que estão sendo utilizadas de forma ilegal, sendo que, neste caso, a laranja é o símbolo da irregularidade. A derrubada dos pés de laranja pretende questionar a grilagem de terras públicas, uma prática comum feita por grandes empresas monocultoras em terras brasileiras como a Aracruz (ES), Stora Enzo (RS), entre outras.

O local já foi ocupado diversas vezes, no intuito de denunciar a ação ilegal de grilagem da Cutrale. Além da utilização indevida das terras, a empresa está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo pela formação de cartel no ramo da produção de sucos, prejudicando assim os pequenos produtores. A empresa também já foi autuada inúmeras vezes por causar impactos ao ecossistema, poluindo o meio ambiente ao despejar esgoto sem tratamento em diversos rios. No entanto, nenhuma atitude foi tomada em relação a esta questão.

Há um pedido de reintegração de posse, no entanto as famílias deverão permanecer na fazenda até que seja marcada uma reunião com o superintendente do Incra, assim exigindo que as terras griladas sejam destinadas para a Reforma Agrária. Com isso, cerca de 400 famílias acampadas seriam assentadas na região. Há hoje, em todo o estado de São Paulo, 1,6 mil famílias acampadas lutando pela terra. No Brasil, são 90 mil famílias vivendo embaixo de lonas pretas.

Direção Estadual do MST-SP