Um conflito de terra já dura mais de onze anos na localidade Barra do Taquari, localizado entre os municípios de Barras e Esperantina no Piauí. Cerca de 24 famílias estão envolvidas e são obrigas a buscar outras formas de obter comida por não poderem fazer plantio de alimentos.
A denúncia foi feita pelo trabalhador rural e líder da região Chico Vicente, durante a Assembléia de Lavradores e Lavradoras realizado nesta sexta (7) e sábado (8), em Teresina-PI. A área em conflito corresponde a 519 hectares de terra onde, segundo o militante, é habitada há mais de 70 anos por agricultores: “Eu nasci lá há 45 anos e minha mãe e outros moradores já estavam lá.” conta.
Tudo começou com a morte de um dos proprietários que doou o terreno as famílias que lá moram, porém parte foi vendida para uma empresa de beneficiamento de cera de carnaúba que pede na justiça a retirada dos moradores.
Falamos em 24, mais é 33 o número de famílias que moram no local e há onze anos esta tem sido a nossa luta, depende da anexar outras duas áreas contínuas ”, diz Chico Vicente.
Segundo Chico, a empresa avaliou em R$ 2.002 mil reais os investimentos feitos no local, fora os R$ 72 mil correspondente a desapropriação, o que impossibilita a venda das terras ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O trabalhador rural relata que pelo fato da terra estar em questão na justiça, os moradores não podem fazer plantio de alimento: “Agente não pode plantar nossa comida, nem a empresa, mas a empresa não cumpre o acordo feito com advogados da justiça federal e colocou 200 cabeças de gado na terra, que não pode”.
Guerra Judicial
Chico Vicente afirma que por quinze vezes a polícia foi ao local para expulsar os moradores, sem sucesso. Além disso, no dia 13 de fevereiro do ano passado a juíza Maria das Neves Ramalho da comarca de Barras, deu posse aos moradores da área, porém em fevereiro deste ano, a mesma juíza voltou atrás na decisão e determinou a reintegração de posse à empresa e em julho deste ano a mesma decisão foi renovada. Em ambos os casos, o agricultores suspenderam na justiça a reintegração.
Comunidade comemorou a emissão de posse das terras que foi revogada
Rio cercado
O militante relata ainda que a empresa de beneficiamento chegou a cercar três quilômetros do Rio Longá, impossibilitando o acesso dos moradores ao rio. “Nós fizemos representação junto ao IBAMA , enviamos cerca de cinco ofícios. Decidimos derrubar a cerca para que pudéssemos ter acesso a água”. A mesma situação aconteceu com o parte do riacho Taquari.
Alternativas à fome
O militante afirma ainda que pelo fato de não ter acesso a terra e fazer plantio, as famílias vivem em dificuldades: “Agente se alimenta com um porco, galinha.. isso quando dá, o que queremos é ter terra para plantar nossa comida”, Finaliza.
Magnus Regis / Edição: Dani Sá09/11/2008