quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Agronegócio abre novo complexo industrial no Piauí

O governador Wilson Martins reuniu-se, na manhã desta terça-feira (31), no Palácio de Karnak, com executivos do Grupo Tomazini, para fechar detalhes sobre o investimento que o grupo empresarial fará no Piauí, estimado em R$ 600 milhões. Com previsão de instalação entre dois e três anos, o complexo deverá empregar 6 mil pessoas direta e indiretamente.

O Grupo Tomazini já está presente no Piauí desde 2009, produzindo soja (nove mil hectares) e milho (mil hectares) na Fazenda Serra Branca Agrícola, na região de Uruçuí. Com a expansão do negócio, será implantado um moderno complexo industrial com fábrica de rações, armazéns gerais, granja, incubatório, esmagadora de grãos e frigorífico.

Esse complexo terá capacidade para produzir 300 toneladas por dia de produtos industrializados (derivados de grãos e de frango) e de abater 200 mil frangos diariamente. “Vamos passar agora para o estudo de viabilidade, que deve demorar cerca de 90 dias para estar pronto e outros dois a três anos para iniciar operação. Esse é um empreendimento que terá uma tecnologia ainda mais avançada que aquela que hoje está operando em nossas empresas”, conta Francisco Tomazini, fundador do grupo.

Durante a reunião, foi assinada uma carta de compromisso entre o Governo do Estado e o Grupo Tomazini visando à instalação do empreendimento. “O agronegócio é uma das principais pilastras da nossa economia, mas ainda precisamos agregar o fator industrial e esse é um grande empreendimento, que vai trazer um grande investimento para o estado e, principalmente, empregar mão-de-obra local, gerar uma grande cadeia de outros negócios ao redor dele”, comentou o governador Wilson Martins.

De acordo com a carta de compromisso, caberá ao Governo do Estado oferecer a estrutura necessária ao empreendimento, como estradas, fornecimento de água e energia elétrica.

ONGs, movimentos sociais e governo debatem estratégias para a Rio + 20

Convocado muito em função da perspectiva de ampliar o diálogo e as articulações das organizações brasileiras e internacionais sobre as questões ambientais em pauta na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, o Fórum Social Temático realizado este ano em Porto Alegre foi um bom termômetro dos ânimos e das diferenças políticas e de visão entre os vários atores da sociedade civil, e desta com o governo.

Em um encontro realizado a portas fechadas com representantes da sociedade civil, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff se defendeu de críticas e, questionada sobre as mudanças no Código Florestal em fase final de debate no Congresso, afirmou que o Brasil não terá mesmo um "código ambiental perfeito". A Rio + 20 acontece de 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro.

Assembleia dos movimentos sociais realizada no encerramento do Fórum Social Temático, em Porto Alegre (RS)

Grosso modo, o Fórum visibilizou posições já conhecidas - e contundentemente reafirmadas - em vários espaços e atividades do evento: para o governo, que contou com a participação de vários ministros e da presidente Dilma Rousseff, a Rio+20 é uma chance de justificar/implementar políticas compensatórias na esfera socioambiental que sejam palatáveis aos agentes econômicos internos e externos, ao mesmo tempo que deixem o Brasil razoavelmente bem aos olhos do mundo.

Já entre várias das grandes entidades ambientalistas, oscilantes entre críticas de parte, e apoiadoras de outra parte, das propostas governamentais, correu a avaliação de que os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo são formas de minimizar o inevitável avanço do capital sobre sistemas ecológicos mais frágeis, de maneira menos danosa e onde sobre algum para as populações locais. E entre as organizações mais alinhadas às lutas sociais, buscou-se avançar em consensos sobre formas de oposição à nova estratégia de mercantilização dos diversos elementos da natureza pela Economia Verde, bem como pontuar os impactos e as lutas mais emblemáticas das populações afetadas pelo neo-desenvolvimentismo capitalista.

Debate
Nos bastidores do Fórum, uma reunião fechada, ocorrida em 26 de janeiro entre representantes das organizações da sociedade civil brasileira e internacional com a presidente Dilma foi uma vitrine interessante da graduação de tons e visões neste Fórum.

Participantes carregam foto representando o mundo no Fórum Social

Representando organizações urbanas e empresariais, Oded Grajew, co-criador do Fórum Social, presidente emérito do instituto Ethos e coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, por exemplo, considerou a Rio + 20 “uma oportunidade única para o Brasil assumir uma liderança mundial, não econômica apenas, mas ética, porque está em jogo o destino da humanidade. O Brasil tem todas as condições, pelo seu governo e sociedade civil, de ser a liderança ética que possa promover as mudanças civilizatórias no mundo. Nós sabemos que as regras [da ONU] são que os acordos que vão sair são por consenso. Mas é uma oportunidade de dizer: ‘nós estamos fazendo isso’, e constranger aqueles que não está fazendo. O Brasil tem todas as condições de fazer isso”, afirmou Grajew, para quem o país ainda tem que aparar arestas, como as mudanças do Código Florestal em discussão no Congresso Nacional, para se legitimar como liderança mundial nos debates sobre sustentabilidade.

Um tom mais acima, a antropóloga Iara Pietricovsky, do Instituto de Estudos Socioeconomicos (Inesc), afirmou abertura para “apoiar o que o governo brasileiro está fazendo de correto”, mas também apontou questões que considera “que não estão a contento, como o Código Florestal, a MP 557 das mulheres, os conflitos fundiários no caso de Pinheirinho, Belo Monte, o tema das usinas nucleares, enfim, temas que são problemáticos, que nós criticamos, porém com abertura de construir soluções que sejam compatíveis com o Estado Democrático de Direito que eu sei que nossa presidenta preza”. Com uma fala crítica ao conceito de economia verde, Pietricovsky conclui que as organizações sociais esperam “ver o Brasil liderando esta posição na Rio + 20”.

Sem rodeios
Como é de seu feitio, a presidente Dilma não buscou subterfúgios para responder aos questionamentos, alguns dos quais, feitos pelos representantes internacionais (o sociólogo português Boaventura dos Santos Souza, o sociólogo venezuelano Edgardo Lander, e a socióloga e feminista uruguaia Lílian Celiberti), denunciaram um “quê” de neocolonialismo na política externa brasileira, e uma tendência de volta ao neoliberalismo na política interna (clique aqui para ler a transcrição completa da fala da presidente Dilma).

Seguem aqui alguns dos posicionamentos da presidente, por tópicos:

Projeto de governo
“Eu queria dizer pra vocês que eu represento um projeto que está sendo levado a cabo desde a eleição do presidente Lula. Este é um projeto que tem alguns desafios e uma grande missão, que é ter um país em que a desigualdade social não seja tão avassaladora como foi desde a sua formação. (...) Essa é uma ambição que explica um pouco o que é a nossa diferença em relação a visões que vocês e a ONU chamam de economia verde. Pra nós não há possibilidade de desenvolvimento sustentável sem redução da desigualdade social. (...) Num país desigual como esse, você tem que crescer a mais para poder distribuir renda. Porque senhores, nós tratamos de questões práticas. Eu tenho que distribuir renda. Tem 190 milhões [de pessoas] que nós não podemos deixar na situação que estão. (...) Trata-se de fazer, de fato, com que este país tenha capacidade de ter um nível de desenvolvimento que lhe permita distribuir riqueza”.

Reforma agrária
“Eu concordo com o Stedile que é necessário a gente retomar a reforma agrária num ritmo eficaz. Agora, Stedile, eu quero te dizer uma coisa: eu não vou aceitar que o nível dos assentamentos seja o que é. Quando nós tratarmos do Brasil sem Miséria, eu quero assentamentos decentes neste país. (...) Eu quero produtores, eu quero pessoas vivendo da sua renda. Porque nós sabemos que nós temos, da época do neoliberalismo, uma reforma agrária que deixa extremamente a desejar”.

Mudanças climáticas
“Eu queria dizer pra vocês o seguinte: esse país foi um dos poucos que foi sério na questão da mudança do clima. Eu estive em Copenhague, eu sei como era a discussão entre os Estados. Se a China não está comprometida com tanto, bastiões da defesa ambiental não fazem reduções de 30% da emissão de gases de efeito estufa. Fazem 20%, senão perdem competitividade. Nós assumimos a redução voluntária de 36 a 39%. Nós somos um dos poucos países que não tem matriz energética fóssil. Todos eles [países desenvolvidos] têm problemas. Vendem aos países africanos, por exemplo, que é importante ter energia solar. Energia solar é caríssima. Fazer isso num país africano é crime. Vendem porque suas empresas controlam a energia solar ou eólica, quando alguns deles podem perfeitamente explorar a hidroeletricidade”.

Código Florestal
“Acho que nós temos tido sim uma política ambiental. Nós temos de resolver todas as contradições do Código Florestal. (...) Acredito que nós vamos ter de construir uma solução consensual. Não será, adianto pra vocês aqui, o sonho dos ruralistas. Não será também um código ambiental perfeito. Tem ruralista e tem ruralista; como tem pequeno agricultor que tem horror ao Código Florestal. Principalmente no nosso Sul Maravilha. No Sul Maravilha, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde tem o maior número de agricultores familiares, há um movimento forte pra impedir que tenhamos reserva legal em uma pequena propriedade. Vocês sabem disso. Nós vamos ter clareza disso”.

Rio + 20
“Eu considero essencial na Rio + 20 discutir um outro paradigma nos seguintes termos: eu não acredito que dê pra ser dentro do Fórum governamental um outro paradigma anti-capitalista. Não dura cinco segundos. (...) Então vocês discutam os novos paradigmas, se vocês quiserem, anti-capitalistas. Agora, nenhum país fará isso. Nenhum país. Nem-um-único! Porque não pode fazer isso. Não pode porque nós temos uma coisa terrível: todos os governantes temos o compromisso de entregar a coisa amanhã. Não é daqui há 10 anos. O meu governo tem que entregar amanhã, tem que ter eficiência sim. (...) Hoje, quando nós conseguimos constituir uma nova classe média, nós temos obrigação de ser eficiente. E não é tecnocrata, é política”.

É isso...
“Finalizando, agradeço a atenção de vocês e quero dizer o seguinte: é normal que as visões sejam diferentes. Vocês são movimentos sociais e eu sou governo. Tem que ser assim mesmo, tá certo assim”.

Entidades do Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Escravo no Piauí realizam ato público

Entidades que compõem o Fórum Estadual de combate ao Trabalho Escravo no Piauí, realizaram na manhã de sexta-feira (27.01), um ato público em Comemoração pelo Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, em memória ao assassinato de quatro auditores fiscais do trabalho mortos em uma fiscalização em Unaí-MG. O Piauí alem de ser considerado o 5º maior exportador de mão de obra escrava do Brasil, esta na lista suja sendo que em 2011, mais de 20 trabalhadores foram resgatados em fazendas de carvoarias piauienses por estarem em condições degradantes e análogas a escravidão. A ação aconteceu na Praça da Liberdade, com distribuição de matérias informativos, exposição fotográfica, animação do grupo musical ressoar e depoimentos de trabalhadores do Assentamento Nova Conquista, município de Monsenhor Gil e coleta de assinaturas para a PEC 438/01, que tramita na Câmara Federal, emenda esta que desapropria áreas onde são encontrados casos de trabalhadores em regime de escravidão.


Auditores Fiscais do Trabalho-PI


Depoimento do trabalhador Francisco Oliveira- M. Gil


Entidades do Fórum CPT,SPM, Rede um grito pela Vida, SASC