Na
manhã deste sábado, 07 de junho, os Bispos do Piauí, padres, religiosos e
leigos aprovaram o documento final da XXII Assembleia de Pastoral
Regional, que teve como tema “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora
da Igreja no Brasil a luz do Concílio Vaticano II”.
A assembleia teve como
assessor o Pe. Antônio Luz Catalan, Membro da Comissão Episcopal
Pastoral para Doutrina da Fé, que ao longo do evento realizou
aprofundamento sobre as DGAE e o Concílio Ecumênico Vaticano II,
promovendo discussões acerca da ação pastoral no estado do Piauí.
Como resultado das
discussões, os participantes aprovaram documento com luzes e caminhos
para ação evangelizadora no regional Nordeste IV, contemplando os
seguintes campos: Identidade Missionária da Igreja, Formação Inicial e
Permanente à Vida Cristã, Espiritualidade, Compromisso com a Vida do
Nosso Povo e Juventude.
Em seguida, dom João
Santos Cardoso, Bispo Diocesano de São Raimundo Nonato, apresentou um
apanhado com os principais pontos discutidos durante a Assembleia Geral
dos Bispos do Brasil, realizada no mês de abril na cidade de Aparecida
-SP.
CNBB
REGIONAL NE IV
LUZES PARA A AÇÃO EVANGELIZADORA
2012
O discípulo, fundamentado
assim na rocha da Palavra de Deus, sente-se motivado a levar a Boa Nova
da salvação a seus irmãos. Discipulado e missão são como as duas faces
da mesma moeda: quando o discípulo está apaixonado por Cristo, não pode
deixar de anunciar ao mundo que só Ele nos salva (At 4,12). De fato, o
discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor,
não há futuro (Bento XVI, Discurso Inaugural de Aparecida, 3).
A XXII Assembleia de
Pastoral do Regional NE IV, realizada de 05 a 07 de julho de 2012, em
Teresina-PI, teve como tema principal: “As Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil à luz do Concílio Vaticano II”. A
partir das cinco “urgências” apontadas pelo referido documento da CNBB e
considerando as grandes intuições do Concílio, foram estabelecidos
cinco eixos temáticos, com indicativos de luzes em cada um deles, para a
ação evangelizadora da Igreja no Piauí.
1. Identidade missionária da Igreja
A
conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma
pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente
missionária. Assim será possível que “o único programa do Evangelho
continue introduzindo-se na história de cada comunidade eclesial” com
novo ardor missionário, fazendo com que a Igreja se manifeste como mãe
que vai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de
comunhão missionária. (DAp nº 370).
Jesus Cristo, o grande
missionário do Pai, envia, pela força do Espírito, seus discípulos em
constante atitude de missão (Mc 16,15). Quem se apaixona por Jesus
Cristo deve igualmente transbordar Jesus Cristo, no testemunho e no
anúncio explícito de sua Pessoa e Mensagem. A Igreja é
indispensavelmente missionária. Existe para anunciar, por gestos e
palavras, a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo. Fechar-se à dimensão
missionária implica fechar-se ao Espírito Santo, sempre presente,
atuante, impulsionador e defensor (Jo 14,16; Mt 10,19-20) (DGAE n º 30).
Luzes
• Intensificar e/ou implantar o processo das Santas Missões populares;
• Criar condições que favoreçam um estado permanente de missão em nossas Comunidades, Paróquias e Dioceses;
• Incentivar as pastorais, movimentos, associações e serviços para assumirem uma postura decididamente missionária;
• Promover a implantação do COMIDI (Conselho Missionário Diocesano) e do COMIPA (Conselho Missionário Paroquial);
• Criar grupos de Infância Missionária e Juventude Missionária;
• Realizar
cursos de formação missionária para o Regional NE IV, a partir de 2014,
sob a organização e supervisão do COMIRE, em parceria com o Instituto
Católico de Estudos Superiores do Piauí - ICESPI;
• Implantar Escolas Missionárias diocesanas;
• Ofertar,
através do ICESPI, cursos de formação à distância para leigos, com
conteúdo bíblico-catequético, enfocando o discipulado missionário e os
ministérios não ordenados.
2. Formação inicial e permanente à vida cristã
O Encontro com Jesus
Cristo: Aqueles que serão seus discípulos já o buscam (cf. Jo 1,38), mas
é o Senhor quem os chama: “Segue-me” (Mc 1,14; Mt 9,9). É necessário
descobrir o sentido mais profundo da busca, assim como é necessário
propiciar o encontro com Cristo que dá origem à iniciação cristã. Esse
encontro deve renovar-se constantemente pelo testemunho pessoal, pelo
anúncio do querigma e pela ação missionária da comunidade (DAp nº 278a).
A comunidade eclesial é o
lugar de educação na fé para crianças, adolescentes e jovens batizados,
em um processo que os leve a completar sua iniciação cristã. A formação
dos discípulos missionários precisa articular fé e vida [...]. A
formação dos leigos e leigas precisa ser uma das prioridades da Igreja
Particular, dado que é “um direito e dever para todos”. Ela se torna
mais efetiva e frutuosa quando integrada em um “projeto orgânico de
formação”, que contemple a formação básica de todos os membros da
comunidade e a formação específica e especializada, sobretudo para
aqueles que atuam na sociedade, onde se apresenta o desafio de dar
“testemunho de Cristo e dos valores do Reino” (DGAE nº 91).
Luzes
• Criar e/ou fortalecer Escolas Catequéticas nas Dioceses e Paróquias;
• Incentivar a Catequese com estilo catecumenal, favorecendo-se o encontro vital com Cristo;
• Fazer da Sagrada Escritura e do Catecismo da Igreja Católica instrumentos privilegiados da ação catequética;
• Criar Escolas Bíblicas para a formação de catequistas e agentes de pastoral;
3. Espiritualidade
Entre as muitas formas
de se aproximar da Sagrada Escritura existe uma privilegiada à qual
todos somos convidados: a Lectio divina ou exercício de leitura orante
da Sagrada Escritura. Essa leitura orante, bem praticada, conduz ao
encontro com Jesus-Mestre, ao conhecimento do mistério de Jesus-Messias,
à comunhão com Jesus-Filho de Deus e ao testemunho de Jesus-Senhor do
universo (DAp nº 249).
A espiritualidade, a
vivência da fé e do compromisso de conversão e transformação nos
orientam para a construção da caridade, da justiça, da paz, a partir das
pessoas e dos ambientes onde há divisão, desafetos, disputas pelo poder
ou por posições sociais. Este é um tempo em que, através de “novo
ardor, novos métodos e nova expressão”, respondamos missionariamente à
mudança de época com o recomeçar a partir de Jesus Cristo (DGAE nº 24).
Luzes
• Incentivar o método da
Leitura Orante da Bíblia (Lectio Divina) nas diversas atividades
pastorais, especialmente nas de caráter catequético, bíblico e
formativo;
• Promover a criação e o fortalecimento de Círculos Bíblicos;
• Favorecer a “animação bíblica de toda a pastoral”;
• Valorizar a piedade popular como lugar de encontro com Jesus Cristo (cf. DAp 258-265);
• Promover
retiros pulares para lideranças, favorecendo uma autêntica experiência
de Deus, segundo a metodologia das oficinas de oração e vida e dos
retiros inacianos.
4. Compromisso com a vida
Os cristãos, como
discípulos e missionários, são chamados a contemplar, nos rostos
sofredores de nossos irmãos, o rosto de Cristo que nos chama a servi-lo
neles: “Os rostos sofredores dos pobres são rostos sofredores de
Cristo”. Eles desafiam o núcleo do trabalho da Igreja, da pastoral e de
nossas atitudes cristãs. Tudo o que tenha relação com Cristo tem relação
com os pobres, e tudo o que está relacionado com os pobres clama por
Jesus Cristo: “Tudo quanto vocês fizeram a um destes meus irmãos
menores, o fizeram a mim” (Mt 25,40) (DAp nº 393).
Em meio a um mundo
marcado por tantos sinais de morte e inúmeras formas de exclusão, “a
Igreja, em todos os seus grupos, movimentos e associações, animados por
uma Pastoral Social estruturada, orgânica e integral”, tem a importante
missão de defender, cuidar e promover a vida, em todas as suas
expressões (DGAE nº 106).
Luzes
• Implantar e articular as Pastorais Sociais, tendo como referencial a Doutrina Social da Igreja;
• Dar
maior visibilidade às Pastorais Sociais, com uma formação contínua e
integrada, e estabelecendo parcerias com outras pastorais;
• Considerar, na ação pastoral, o povo como protagonista de sua história;
• Promover
a formação política do nosso povo, sensibilizando-o para uma
participação consciente nas decisões políticas, elegendo candidatos
comprometidos com a vida;
• Promover e enfatizar a Ação Social, em nível paroquial e diocesano, a serviço dos pobres;
• Mobilizar as forças vivas da sociedade em defesa das propostas dos fóruns sobre estiagem e outras situações emergenciais;
• Desenvolver ações que visem a convivência sustentável com o semiárido e outros biomas;
• Intensificar campanhas em defesa da vida, da justiça e da paz;
• Incluir um representante de cada diocese na Coordenação Regional das Pastorais Sociais;
• Divulgar
os resultados e encaminhamentos das Campanhas, Romarias e outras ações
sociais do Regional, em vista da continuidade das mesmas.
5. Evangelização da juventude
Privilegiar na Pastoral
da Juventude processos de educação e amadurecimento na fé como resposta
de sentido e orientação da vida, e garantia de compromisso missionário.
De maneira especial, buscar-se-á implementar uma catequese atrativa para
os jovens que os introduza no conhecimento do mistério de Cristo,
buscando mostrar a eles a beleza da Eucaristia dominical que os leve a
descobrir nela Cristo vivo e o mistério fascinante da Igreja (DAp nº
446d).
Atenção especial merecem
os nossos jovens. A beleza da juventude e os inúmeros desafios para a
plenitude de sua vida exigem urgentes iniciativas pastorais nas diversas
instâncias de nossa ação evangelizadora (DGAE nº 81).
Luzes
• Favorecer, entre os jovens, a vivência da fé cristã, incentivando-os ao engajamento em suas comunidades;
• Promover missões jovens;
• Proporcionar a formação de lideranças para o trabalho com a juventude, a partir do Doc. 85 da CNBB: Evangelização e juventude;
• Valorizar os processos do trabalho da pré e da pós-JMJ como oportunidade de formação dos jovens;
• Valorizar
a Semana da Cidadania e o DNJ como oportunidades de ação juvenil
organizadas/promovidas pelo Setor de Evangelização da Juventude;
• Incentivar e acompanhar pastorais e serviços no campo universitário;
• Criar casas de recuperação de dependentes químicos;
• Encontrar
caminhos pastorais, como as iniciativas de trabalho e renda, que ajudem
os jovens a permanecer em suas comunidades, evitando-se a migração
forçada;
• Intensificar a Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens.
• Incentivar e acompanhar o Projeto Leccionautas.
Maria, Virgem da Vitória e modelo de ação evangelizadora para a Igreja, nos acompanhe com sua maternal intercessão.