Dom Enemesio explicou que o Documento é
uma continuidade das reflexões que a CNBB tem feito ao longo dos anos. E
citou o ano de 1954, quando se realizou a 2ª Assembleia Geral dos
Bispos e cujo tema central foi a “Reforma Agrária”, o bispo também
lembrou o ano de 1980 quando na 18ª AG o tema foi “Igreja e problemas da
terra” e mais recentemente, em 2006, quando foi lançado o Documento “Os
pobres possuirão a terra”.
Dom Enemesio ressaltou que o Documento
apresentado na 51ª AG composto por um breve histórico, quatro capítulos e
conclusão “quer fazer entender de maneira crítica as velhas e novas
razões do sofrimento e da violência que marcam e ensanguentam a nossa
terra hoje talvez mais que ontem”. E reforçou dizendo que “de maneira
clara o documento faz entender que a sempre prometida Reforma Agrária
não foi prioridade de nenhum dos governos democráticos, menos ainda do
governo atual”.
O bispo fez uma alerta para a situação
opressora que se encontram os povos indígenas, quilombolas, sem terras e
escravizados do campo, que estão em condições degradantes. “Precisamos
atuar, precisamos anunciar as coisas boas, mas precisamos denunciar as
tantas formas de opressão, os gritos, as injustas que este povo sofre”.
No final da coletiva o presidente da CPT
disse que o episcopado apela para que os poderes executivo, legislativo
e judiciário permita que os camponeses tenham vez e voz. “Declaramos
apoio aos pequenos que buscam oportunidade de vida na terra, na floresta
e nas águas. Apoiamos as organizações camponesas e suas lutas pela
terra e por políticas públicas que lhes garantam acesso ao serviço
saúde. Estamos juntos na resistência contra toda forma de violência que
atinge a vida dos trabalhadores e suas famílias. Nos colocaremos contra a
grilagem e esforçaremos sempre mais para combater o trabalho escravo”.
O arcebispo de Mariana (MG) e
ex-presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, estava presente na
coletiva e pediu a palavra para falar sobre o assunto. Com a palavra dom
Geraldo questionou se a questão agrária está sendo discutida em nosso
país e se há algum partido político levantando este assunto. “Não é que a
questão não exista, é que se faz vista grossa, se silencia”.
Dom Geraldo aproveitou para ressaltar
que Documento “quer dizer um grito dos que estão pedindo socorro e a
Igreja quer ser porta-voz de todos aqueles que são vítimas desta
situação gravíssima em nosso país”.
E esclareceu: “Sabemos que esse
Documento vai provocar reações porque é um documento que toma posição
clara e definida. É lógico que esperamos que ele tenha repercussão no
Congresso Nacional, que ele possa trazer uma contribuição para um debate
mais amplo na sociedade”.
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