O clima é de tensão para os proprietários de terra e fazendeiros
que trabalham no sul do Piauí. O principal confronto é por grilagem de
terra. Hoje, proprietários de terrenos denunciaram a formação de
“milícia” armada.
O
fazendeiro Mauro Oliveira, que tem propriedades no Sul do Estado há 22
anos, denunciou a atuação de milícias fortemente armadas comandando a
prática da grilagem na região.
"Há uns cinco
anos ouvimos falar de milícias no cerrado, mas hoje estamos vendo, nos
deparamos com essas pessoas fortemente armadas em todo o cerrado",
afirmou o fazendeiro.
Compartilha
do mesmo clima de insegurança o proprietário da Fazenda Poliagro, Paulo
Roque da Matta. Sua propriedade, que tem área estimada em 10 mil
hectares entre os municípios de Alvorada do Gurguéia, a 539 km de
Teresina e Manuel Emídio, é registrada no Incra e tem atividade
produtiva há cerca de 30 anos.
"Nós temos
pistoleiros fortemente armados fazendo grilagem, estou me sentindo
inseguro. Já ameaçaram até queimar as máquinas", contou o fazendeiro.
A
situação tensa, já chegou ao conhecimento do Secretário de Segurança
Pública, Robert Rios, que já investiga até a hipótese do envolvimento de
policiais militares com a grilagem na região.
"Temos
o conhecimento de homens armados e inclusive da participação de
policiais nesse evento, se algum PM estiver envolvido em grilagem, vamos
enquadrá-lo por formação de bando e quadrilha e serão expulsos da
Polícia", afirmou Robert Rios.
O
Interpi (Instituto de Terras do Piauí) reconhece que pelo menos um
milhão de hectares no Piauí, está desordenadamente ocupados. O
procurador Wilson Gondin afasta o clima de tensão no campo.
"Não temos notícias de mortes nem de guerras fundiárias no Estado, o Piauí é considerado tranquilo", afirmou o procurador.
Vara agrária
O
Tribunal de Justiça do Piauí já criou uma vara agrária que funciona no
município de Bom Jesus, mas ainda não possui promotor, por isso não
funciona plenamente. O corregedor do tribunal de justiça do Piauí,
desembargador Francisco Paes Landim promete ação enérgica para coibir e
prevenir a violência no campo
"A
corregedoria tem se empenhado para por fim a essas disputas por terra
no Sul do Estado. Despachamos juízes auxiliares para ser feita inspeção
nos cartórios, a respeito desse problema da grilagem", afirmou o
desembargador.
Tadeu Maia admite que Interpi não tem controle da grilagem na região Sul
O presidente afirmou que será feita uma vistoria sobre a posse de terras
O presidente do Instituto de Terras do
Piauí (Interpi) Tadeu Maia, admite que não há um controle dos índices
de grilagem na região, mas que ações que já estão sendo despachadas para
conter a prática na região.
Fotos: Evelin Santos/ Cidadeverde.com
"A
região Sul era abandonada. Não tenho controle, essa é a verdade. O
governador já tomou conta da situação fundiária do Piauí como uma das
prioridades, e isso é o que se precisa para fazer o trabalho", afirmou o
presidente.
Durante
entrevista ao Jornal do Piauí desta terça-feira (31), Tadeu Maia
afirmou que há 15 dias vem recebendo denúncias de áreas no Sul do
estado, que estão sendo invadidas. O comando da polícia foi comunicado e
já foram presas várias pessoas.
Ao
Cidadeverde.com, o presidente acrescentou que ainda não foi registrada
nenhuma denúncia a respeito de formação de milícias para grilagem, mas
garante que se o conflito fizer realmente parte de uma propriedade
privada a polícia vai manter a segurança na região.
"É
preciso examinar a fundo a documentação e ver se realmente há registros
de propriedade, só o Incra não garante que a terra pertence de fato a
alguém, mas caso seja registrada a denúncia e a posse comprovada,
tomaremos frente. Queremos por fim no problema da grilagem", concluiu o
presidente.
Rayldo Pereira
rayldopereira@cidadeverde.com
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